São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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Hollywwod retoma mesmas fórmulas de 94

ANA MARIA BAHIANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se depender de Hollywood, 1995 vai ser um ano como todos os outros em memória recente: movimentado, caro, e, ainda assim, muito lucrativo.
Filmes obscuros, mas interessantes, serão lançados entre janeiro e abril, filmes com grande potencial de massa sairão com muito estardalhaço entre maio e agosto e filmes de prestígio lutarão à sombra dos Oscars, dos Golden Globes e das listas das associações de críticos, de setembro a dezembro.
A grande novidade –a entrada em cena de mais um estúdio de grande porte, a Dreamworks SKG, fundada por Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen– só será sentida pelo público em 1997, quando deverão estrear os "cinco ou seis filmes" que os amigos mais chegados garantem que estão nos planos da trinca.
"Jurassic World", provavelmente a continuação mais esperada do planeta, não está neste lote. Spielberg deve o projeto à Universal, e a pré-produção está marcada para o segundo semestre de 95, visando um lançamento em junho de 97.
Para o público internacional, a principal novidade de 95 serão as janelas cada vez menores entre os lançamentos domésticos e internacionais dos filmes americanos –culpa do encolhimento da "aldeia global", da proliferação dos serviços de setélite, da mídia cada vez mais instantânea.
E, em linhas gerais, a consolidação de quatro tendências de produção sacramentadas em anos anteriores:
1 - A ascensão do desenho animado de longa duração. Os estúdios estão cada vez mais decididos a dar uma dura na Disney, ainda a rainha neste território eminentemente lucrativo.
O desenho animado custa barato –US$ 20 milhões a US$ 30 milhões, no máximo– se comparado aos custos catastróficos das grandes produções –acima de US$ 50 milhões– e é praticamente à prova de riscos. Mesmo que não faça boa carreira nas telas, recupera o investimento na TV e em vídeo, por anos e anos a fio.
Em 95, a Disney vem com pelo menos dois pesos-pesados, "The Goofy Movie" –o filme-solo do Pateta–, em abril, e o drama histórico-ecológico "Pocahontas", em junho (e, talvez, com a versão animada de "O Corcunda de Notre Dame", em dezembro).
A esperá-la estarão a Amblin de Spielberg, com "Babe, The Gallant Pig", a Metro, com "The Pebble and the Penguin", e a Turner de Ted Turner (distribuída através da Fox), com "Cats Don't Dance", previstos para o verão americano.
2 - A volta da comédia romântica, sofisticada. "Quatro Casamentos e um Funeral" ensinou uma bela lição a Hollywood: olhe para seu próprio passado, mas leve em conta que as platéias mudaram.
Este ano, a Warner refaz "Sabrina", com Harrison Ford e Julia Ormond (Sydney Pollack dirige). Clint Eastwood dirige a si mesmo e a Meryl Streep em "The Bridges of Madison County". Billy Crystal volta à direção com "Forget Paris". Mas o astro Hugh Grant, que arrasou corações em "Quatro Casamentos e um Funeral", estará em "Nine Months", a versão de Chris Columbus para uma comédia francesa do mesmo título.
O sucesso, esse grande professor da indústria, também mostrou que um toque latino funciona bem no contexto romântico.
Este ano, o diretor de "Como Água Para Chocolate", Alfonso Arau, vem com Keanu Reeves liderando o elenco de "A Walk to the Clouds", um remake de um filme italiano dos anos 50, que ele transplantou para a comunidade latina do norte da Califórnia.
E a independente Samuel Goldwyn trará "The Perez Family", uma comédia que, apesar de se desenrolar nos bairros cubanos de Miami, tem um elenco encabeçado por Angelica Huston e Marisa Tomei.
3 - A permanência dos grandes, caros, filmes de ação/aventura. O recorde de filme mais caro da história, que estava com "True Lies", de James Cameron, já passou para "Waterworld", a aventura submarina de Kevin Costner, que estréia em julho e está ameaçando submergir a Universal em US$ 150 milhões de custos.
Para lhe dar competição, 95 verá "Duro de Matar 3" (Bruce Willis em Nova York), "Judge Dredd" (Sylvester Stallone no futuro noir dos comics), "Outbreak" (Dustin Hoffman num laboratório, em busca de vírus assassinos) e "Crimson Tide" (Denzel Washington num submarino à deriva).
4 - A retomada dos filmes de época. Culpa, talvez, de Merchant/Ivory e sua mania de ganhar oscars . A dupla estréia este ano sua primeira produção americana, feita sob a égide da Disney: "Jefferson in Paris", com Nick Nolte no papel do estadista americano.
Para não ficar atrás, Mel Gibson e Liam Neeson aparecerão em saiotes escoceses, nos épicos "Braveheart" (maio) e "Rob Roy" (agosto).

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