São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995
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Ciro Gomes em Harvard; Anistia Internacional; Comunidade de língua portuguesa; Bocejo do papa; Redação da Fuvest; Únicos, mas diferentes; A miséria bate à porta; Por São Paulo

Ciro Gomes em Harvard
"Li com grande atraso, no caderno de Finanças de 8/01, a coluna de Luís Nassif sob o título 'Nascimento de um oligarca'. Afirma Luís Nassif que Ciro Gomes faz aqui um 'cursinho livre que a Universidade de Harvard preparou para políticos latino-americanos'. É apenas a mais recente das informações fantasiosas sobre a estadia de Ciro Gomes na Universidade de Harvard que tenho lido na imprensa brasileira. Os fatos são os seguintes. Candidatou-se Ciro Gomes a duas posições na Universidade de Harvard: 'visiting scholar' (pesquisador visitante) na Faculdade de Direito e 'fellow' (associado) do Centro para Assuntos Internacionais (CFIA). Foi aceito para ambas. Apesar do grande empenho feito pelo CFIA para que Ciro Gomes aceitasse o convite do Centro, optou ele por ser 'visiting scholar' na Faculdade de Direito. Trata-se de posição destinada cada ano a um pequeno número de pessoas em meio de carreira, vindas de todo o mundo, que procuram desenvolver aqui seus próprios projetos de pesquisa. Por ela passaram alguns dos maiores juristas e estadistas contemporâneos. Ciro Gomes já começa a participar ativamente da vida intelectual da universidade, frequentando seminários e discutindo idéias com os professores. A Universidade de Harvard não ministra, nem nunca ministrou, cursos para políticos latino-americanos."
Roberto Mangabeira Unger, professor titular de Direito da Universidade de Harvard (Cambridge, EUA)

Anistia Internacional
"Nunca reivindicamos o status de cúpula do movimento não-governamental. Preservamos nossa independência, sem aspas, enquanto investimos no diálogo e na cooperação com outras organizações de mandatos e métodos diversos. Acreditamos em valores comuns compartilhados, superiores aos interesses de qualquer governo e incompatíveis com o afastamento do Estado de Direito. O compromisso com as vítimas nos cobra, há mais de 33 anos, a investigação imparcial, a denúncia responsável e a exigência de justiça em qualquer terra. Por elas vale a pena enfrentar a hostilidade paroquial de alguns homens de ontem."
Carlos A. Idoeta, presidente da Seção Brasileira da Anistia Internacional (São Paulo, SP)

Comunidade de língua portuguesa
"Quero cumprimentar José Aparecido de Oliveira por seu candente artigo 'Responder é preciso' (Folha, 17/01). A comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP) está hoje institucionalizada graças a seu trabalho incansável em Lisboa. Naquele posto, foi José Aparecido de Oliveira uma voz indignada contra o silêncio sobre os horrores das guerras na África, em especial denunciando a carnificina em Angola. Por seu trabalho nessas frentes, mostrou um claríssimo comprometimento com os direitos humanos que ficará como exemplo para a diplomacia da democracia no Brasil."
Paulo Sérgio Pinheiro, cientista político (Notre Dame, EUA)

Bocejo do papa
"Sou leitor assíduo da Folha. Destaca-se ela sobre outros jornais em vários aspectos. Não faltam, porém, falhas que poderiam tornar o jornal mais objetivo e respeitoso para com todos os segmentos da sociedade. Um deles é o da religião. Nenhuma religião pode ser desmerecida. A todos cabe o mais alto respeito, sobretudo por parte de um jornal como a Folha. Deixo ao seu encargo analisar as notícias da Folha referentes à viagem do papa ao oriente. Cito apenas duas: a do último dia 16/01 e a de 20/01, ambas na primeira página. Destaque este que muito me honrou. A primeira notícia –dizia-me alguém– bem que mereceria maior realce pelo número de participantes. Não insisto nesta observação. Mas, a segunda, referente à beatificação de uma australiana, em cerimônia religiosa que se prolonga por mais de duas horas, e que tenha por destaque da Folha, tanto na primeira quanto na pág. 2-9, uma instantânea reação espasmódica do organismo humano, na pessoa do papa, depõe contra o jornalista, a Redação e o jornal. A Folha não deveria mais merecer tal observação."
Joel Ivo Catapan, bispo auxiliar de São Paulo (São Paulo, SP)

Redação da Fuvest
"No domingo passado, li no 'Posfácio' da Revista da Folha opinião de Caio Túlio Costa sobre o tema da redação da prova da Fuvest. Não concordando com alguns pontos de vista, decidi expor o que penso. O tema proposto se mostrou complexo e surpreendente. Eu não levei em conta os autores para medir o grau de dificuldade, e sim o tema em si. Tese sobre a individualidade em uma sociedade destruidora de ideologias? Ou seria a cultura de massas? Como o examinador espera um texto de qualidade de um candidato tenso e que talvez nunca tivesse tido acesso a aulas de filosofia?"
Daniela Petenon Barbosa (São Paulo, SP)

"Desconsiderando-se que existiam apenas três horas para se fazer dez questões dissertativas de português e a 'reflexão' sobre o tema da prova de redação, somando-se ainda a tensão típica do candidato no exame da Fuvest 95, talvez Caio Túlio Costa esteja certo em seu artigo publicado na Revista da Folha desta semana. Porém a 'chiadeira' em torno da prova pode até retratar 'a preguiça que tomou conta do sistema educacional brasileiro', mas não é o vestibular que deve estimular a reforma desse sistema educacional por ele criticado, e sim sérias, profundas e duradouras mudanças em sua base."
Claudio Castello de Campos Pereira (São Paulo, SP)

Únicos, mas diferentes
"O argumento central do vereador Marcos Cintra, no seu artigo de 18/01, de que o setor privado oferece serviços de saúde de qualidade superior ao do setor público, é falacioso e carece de demonstração, mesmo diante da situação atual por que passa a saúde em nosso país. A literatura científica especializada contém evidências que contrariam suas afirmações, até porque, em saúde, serviços privados não podem ser tomados como sinônimos de Sírio Libanês ou de Beneficência Portuguesa, como Incor e Dante Pazzanese não são totais sinônimos de serviços públicos; é preciso perceber que do Imposto Único ao Sistema Único de Saúde há significativa distância..."
Paulo Eduardo Elias e José Maria Pacheco de Souza (São Paulo, SP)

A miséria bate à porta
"Temos lido muitos jornalistas e articulistas manifestarem suas preocupações no que diz respeito aos excluídos do mundo social e econômico deste país. O que não temos observado são propostas realistas sobre como erradicar a discriminação atualmente existente. Muito se diz sobre o assunto, mas nada de efetivo se realiza –veja-se a miséria em nossas ruas."
Ricardo Azeredo Passos Candelaria (São Paulo, SP)

Por São Paulo
"São Paulo é cheia de aventuras a cada amanhecer! Mas sua cultura, suas lendas e seu povo andam meio esquecidos... Vamos hoje, que é seu aniversário, orar pela nossa São Paulo."
Cleide B. Ferreira (São Paulo, SP)

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