São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Teoria da Aids derruba 'período de latência'
CLÁUDIO CSILLAG
Essa multiplicação intensa, de acordo com um artigo publicado hoje na revista Science, ocorre justamente no período em que o vírus, acreditava-se, estava dormente. As conclusões são de John Coffin, que sugere no artigo um novo modelo de infecção do HIV no ser humano. Isso significa que um tratamento muito precoce é desejável, antes do início da variação viral, disse o pesquisador em entrevista à Folha. Quanto antes a droga ou combinação de drogas atacar, maior a chance de que não sobreviva nenhum vírus mutante. Segundo o cientista, já foi registrada resistência parcial ou completa do HIV a todas as drogas usadas ou seriamente consideradas como candidatas ao uso contra o vírus. Baseado em resultados de pesquisas recentes e em dados ainda não publicados, Coffin conclui que não existe período de dormência entre a infecção pelo HIV e o início dos sintomas da Aids. O que ocorre nessa fase é um equilíbrio dinâmico. De um lado, o vírus, instalado em nódulos linfáticos, por exemplo, se reproduz velozmente. Do outro, o sistema de defesa do organismo está muito ativo combatendo-o. O vírus tem uma preferência especial por células de defesa conhecidas como CD4. Ele as infecta e as destrói, e o sistema imunológico cria novas CD4 para reposição. A doença surge quando o equilíbrio é rompido, de modo desfavorável ao sistema imunológico. O vírus continua se multiplicando e atacando as CD4, mas o sistema se torna incapaz de repor as células no mesmo ritmo. São cerca de 300 gerações de HIV sendo criadas a cada ano, mais do que qualquer outro vírus conhecido, disse Coffin. É muito trabalho para o sistema imune. Quando o número de células CD4 cai, o sistema imunológico se torna incapaz de defender o organismo de qualquer outro agente infeccioso, não só do HIV. Nesse momento, o portador do vírus se torna uma vítima da síndrome da imunodeficiência. Isso pode ser explicado pelo aparecimento de vírus mutantes, resistentes à terapia. Texto Anterior: Polícia duvida de informe sobre Uê Próximo Texto: Pessoas resistentes têm gânglios preservados Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |