São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995 |
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GM define construção da nova fábrica em 3 semanas
ARTHUR PEREIRA FILHO
O anúncio será feito após encontro entre o presidente da montadora, Mark Hogan, e Fernando Henrique Cardoso. A audiência, ainda sem data marcada, deve ocorrer em meados de fevereiro. "Para levar adiante o plano de construir a nova fábrica a GM espera uma sinalização do governo", diz Hogan. "Essa definição precisa ser tomada o mais rápido possível". A GM planeja investir entre US$ 400 milhões de US$ 500 milhões na nova fábrica. Ela terá capacidade para produzir no mínimo 100 mil veículos por ano e será construída em 18 meses. O investimento já foi aprovado pela matriz, segundo Hogan. Agora a GM quer saber se o novo presidente pretende apoiar a indústria automobilística instalada no país. Isso significa reduzir a carga tributária, criar mecanismos de incentivo à exportação e impor limites às importações. Ontem, durante almoço de comemoração dos 70 anos da GM no Brasil, na fábrica de São Caetano, o presidente da montadora disse "não ter dúvida" de que a resposta do governo será positiva. Segundo Hogan, a GM também tem planos para aumentar sua produção de veículos na Argentina. Ele disse que a crise mexicana não altera a decisão da matriz de investir no Brasil e Argentina. Mesmo sem a sinalização do governo, a GM já decidiu elevar seus investimentos para 95. Serão aplicados US$ 500 milhões no país, quase metade de todos os recursos previstos inicialmente para o quinquênio 1993-1997 (US$ 1,1 bilhão). O investimento na nova fábrica não está incluído. "Vamos investir na ampliação da capacidade de produção das fábricas e no lançamento de um novo veículo a cada dois meses", explica Hogan. O primeiro lançamento do ano –a picape S 10– chega ao mercado em março e ainda não tem preço definido. A fábrica de São José dos Campos, que produz o Corsa, terá um terceiro turno a partir de abril. Serão contratados mais 800 funcionários e a produção mensal passará de 10.500 para 14 mil Corsa. Desse total, o carro "popular" vai representar cerca de 70%. O objetivo da GM em 95 é vender 400 mil veículos (300 mil produzidos no país e 100 mil importados) e ficar com 30% do mercado. Câmara setorial As discussões com o governo sobre uma nova política industrial começam na próxima terça-feira, dia 31, com a retomada da câmara setorial do setor automotivo. Nesse primeira rodada participam apenas as montadoras. No dia 2, é a vez dos sindicatos. A reunião conjunta entre governo, montadoras e sindicatos será no dia 6. A GM vai propor ao governo a adoção de quotas para a importação de veículos. José Carlos Pinheiro Neto, diretor de Assuntos Corporativos, diz que o país poderia seguir o modelo argentino. Segundo ele, na Argentina a importação não pode ultrapassar 10% do total de carros vendidos no mercado interno no ano anterior. "E a cada U$ 1 exportado, a empresa pode importar US$ 1,20 com isenção de impostos". Para incentivar o produtor instalado no país, a GM propõe a obrigatoriedade de um limite mínimo de componentes nacionais no veículo. "O conteúdo local deve ficar entre 50% e 60%", diz Pinheiro Neto. A montadora quer também o estabelecimento de estímulos à exportação, com a isenção de impostos como PIS, Cofins e ICMS. A redução do IPI cobrado sobre as vendas dos carros médios e de luxo é outra reivindicação. A montadora aceita discutir, em troca, o aumento do imposto sobre o carro "popular". Texto Anterior: México pede US$ 7,6 bilhões ao FMI Próximo Texto: BC decide manter o arrocho ao crédito Índice |
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