São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995 |
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Exposição retrata homem e natureza
ANA MARIA GUARIGLIA
O fotógrafo selecionou 75 trabalhos de sua melhor produção sobre o homem e a natureza e as resumiu em um inventário que delineia os ecossistemas brasileiros. São registros das paisagens e dos habitantes da Amazônia, Chapada Diamantina, delta do Parnaíba, Mata Atlântica e Pantanal do Mato Grosso. Já exibida na Casa da Fotografia Fuji (SP), em setembro do ano passado, a exposição mostra que a fotografia tem sido um modo de Alcântara gritar pela justiça e proclamar o amor pelas coisas simples. Interior Dessa forma, ele flagrou o momento mágico em que o Bigua-tinga abriu suas asas pela primeira vez na manhã e captou os reflexos solares multicoloridos nas águas de um rio. Ao retratar o homem do interior do Brasil, Alcântara cria poemas visuais. São vários exemplos, como as expressões gestuais do menino caçando caranguejos na ilha do Caju (PI) e a do caboclo do Pantanal puxando um jacaré para fora d'água. No universo do fotógrafo, o verso e o reverso das imagens estão sempre presentes através de crônicas que exaltam a beleza ecológica e, ao mesmo tempo, denunciam a devastação e a miséria social. O livro "Projeto Dique", que será lançado no dia da exposição, é a marca dessa denúncia, contando a vida dos moradores dos mangues poluídos do rio Bugre, entre as cidades de Santos e São Vicente. O destaque do livro são as fotos que testemunham a baixa qualidade de vida imposta aos meninos da região, que trabalham e brincam nas áreas de esgoto e de lixo industrial. Favelados Nessa edição, Alcântara reata a antiga predileção pela fotografia em preto-e-branco, o que enfatiza o clima e a essência das condições subumanas em que vivem os favelados da região. Idealizado pelo autor e feito em parceria com a Prefeitura de Santos, o livro é um relatório visual detalhado do maior projeto de urbanização de favelas da América do Sul, porém não será comercializado. Nesses últimos 20 anos, Araquém Alcântara recebeu nove prêmios internacionais e 32 nacionais, além do título de maior fotógrafo de natureza do país, concedido pelo Museu de Arte de São Paulo. O trabalho o levou a criar um acervo de 20 mil fotos que agora está integrando a coleção da Nature Production, do Japão, um dos mais importantes banco de dados sobre a natureza. Devido ao convite recebido pela Aliança Cultural Brasil-Japão, a exposição "Luzes de Alcântara" ganhou um caráter itinerante e, no segundo semestre, viajará para Tóquio, Nagasaki, Alemanha, França e Estados Unidos. Exposição: Luzes de Alcântara Onde: Pinacoteca Benedicto Calixto (av. Bartolomeu de Gusmão, 15, Boqueirão, Santos (SP), tel. 0132.33-6012) Quando: A partir de hoje, às 20h, de segunda a sábado, das 13h30 às 17h, até 25 de fevereiro Quanto: entrada franca Texto Anterior: Ator era shakesperiano Próximo Texto: Começa em Portugal o ano Eça de Queirós Índice |
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