São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Com Suvinil, o alvinegro vira pintura?

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Campeonato Paulista, versão moderninha, moderninha, começa hoje mais experimental do que as vanguardas do começo do século 20.
Como as contratações e os novos arranjos ainda não foram concluídos, o negócio é mandar para o campo o vale tudo do grande Tim Maia: vale o que vier, vale o que puder.
Hoje, por exemplo, lá na rua Javari, o moleque travesso recebe o bugre campineiro. Que vem, já que estamos falando em arte, sem as suas três graças: Amoroso, Luisão e Djalminha.
Enquanto isto, com a tripulação quase completa, o barco do Mário Sérgio desce o famoso rio de Piracicaba, terra que também já foi conhecida como a "Misterdã" (Amsterdã), meu, caipira.
E será que com o patrocínio das tintas Suvinil o jogo do Corinthians vira uma pintura? Será que o Mário Sérgio faz do time um Matisse, um Mondrian, um Picasso? Ou será um fracasso?
Duelo de alvinegros (olhaí, vamos ver como é que fica o diferencial entre camisas, calções e meias). O time republicano do XV de Novembro joga em um estádio chamado Barão de Serra Negra. Pode?
Pode. Mas pode mesmo, pois não falta ironia no caso. Afinal, o time é de Piracicaba mas o patrocinador tem o nome de Marília. É a TAM.
Apesar de alvinegro como o Corinthians (olhaí, vamos ver como os dois times se diferenciarão nas meias e nos calções, hoje) o XV já está sendo chamado de tricolorzinho. Filial do Morumbi.
Tudo por causa do seu novo presidente, o comandante Rolim Adolfo Amaro, que também patrocina o São Paulo.
Aliás, quando o São Paulo enfrentar o XV, o jogo já tem um nome: será o clássico TAM TAM. E o São Paulo vai lá para Araçatuba, onde já cantamos para a turba, como diria o compositor baiano.
Vai com o Murici, com o Juninho, com o Sierra. E dá nova canja para o Palhinha. O Araçatuba não é republicano e nem das armas e dos barões assinalados. Ele tem saudades do populismo.
E joga no estádio Adhemar de Barros, aquele do beijo esta terra que me recebe. E eu adorei o nome do presidente do Araçatuba. Domingos Andofarto. Farto de quem? Do time? Ou dos domingos?
E amanhã tem o Valdir Marlon Brando Espinosa. Contra a Lusa, que vem com o patrocínio da Chapecó. Espera-se que ele não termine como naquele filme do Brando dizendo: "the horror, the horror".
E o Eric Cantona, ein? É o selvagem da motocicleta. Anda de Harley Davidson e bate como Bruce Lee.
E eu adorei o Pavarotti reverenciando o Romário. Da grande ária para a grande área. Enquanto isto, no Pacaembu, havia apenas rock'n'gol. But I like it. Wow!
E o Santos terá o patrocínio do Unicor. Pode? Pode. Então explode, coração!

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