São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Ações mostram que controle seria possível

XICO SÁ
DO ENVIADO ESPECIAL

Três ações inéditas, comandadas recentemente pelo economista Domingos Poubel de Castro, 45, diretor da Secretaria Federal de Controle, revelam como seria possível fiscalizar e evitar prejuízos.
1) Uma "auditoria-surpresa" nos armazéns particulares que guardam produtos do governo descobriu a falta de 3.000 toneladas de cereais há um mês no Rio Grande do Sul.
A descoberta, seguida de cobrança, deu resultado: os armazéns trataram de repor o estoque rapidamente, sob risco de punição.
A rotina do relacionamento do governo com estes armazéns tem produzido muito desperdício de alimentos no país –uma das notícias sobre prejuízos públicos mais frequentes no noticiário.
"Se a cobrança não é feita imediatamente, dificilmente o Estado recupera mais tarde", diz Castro.
2) Com uma simples consulta nos computadores do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), a Secretaria Federal de Controle descobriu que haviam 19.546 convênios ilegais no governo.
Políticos, órgãos estaduais e municipais haviam liberado dinheiro do Tesouro Federal, mas simplesmente deixaram de pagar. Nunca haviam sequer sido cobrados. De outubro até a tarde de quarta-feira, 42.275 destes convênios foram regularizados.
O que forçou o cumprimento do dever aos políticos foi somente uma atitude que deveria ser comum: quem não paga suas dívidas fica proibido de pegar novos recursos ou fazer qualquer negócio com o governo.
Deslocando o exemplo para a vida do cidadão comum seria equivalente ao sujeito que vai numa loja, faz uma compra e não leva a mercadoria caso o vendedor descubra que o seu nome está "sujo" no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).
3) A terceira ação foi tomada após a leitura de jornais. A Secretaria Federal de Controle soube este mês que o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) estaria contratando vigias a um mínimo de R$ 1 mil mensais, no Rio.
Ao agir imediatamente, o governo chegou a tempo de impedir que fossem feitas as contratações que já estavam em andamento.
Empolgados com a eficácia destas três ações isoladas do governo, os dirigentes da Secretaria Federal de Controle planejam ampliar esse modelo: fiscalização e cobrança no mesmo momento em que a corrupção estaria ocorrendo ou prestes a ocorrer.

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