São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Ruth dá "aula" de MPB a canadenses

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A antropóloga Ruth Cardoso, mulher do presidente Fernando Henrique Cardoso, fez papel de dublê de musicóloga durante uma recepção na embaixada do Canadá anteontem à noite, em Brasília.
Ruth participou da homenagem ao primeiro-ministro canadense, Jean Chrétien, que estava em visita oficial ao Brasil até ontem.
A mulher de Fernando Henrique passou a maior parte do tempo em que esteve na casa do embaixador William Dymond conversando com um grupo de mulheres de integrantes da comitiva de Chrétien.
Em inglês fluente, sem banquinho e violão, Ruth dissertou seus conceitos sobre a música popular brasileira na varanda da casa.
"A bossa nova foi a legitimação da música popular para a classe média brasileira", disse a antropóloga, com ar professoral.

Axé-music
Diante dos conhecimentos musicais de Ruth, as canadenses se mostraram interessadas em saber sobre os novos ritmos brasileiros (axé-music, timbalada etc).
A mulher de FHC então destacou o trabalho da cantora baiana Daniela Mercury, representante do axé-music. Daniela participou do show dos festejos da posse do presidente.
Para não ficar só nas amenidades, Ruth também falou sobre suas preocupações sociais.
A primeira-dama comentou com suas interlocutoras do Primeiro Mundo o programa da Comunidade Solidária do governo de seu marido. Ao programa estão destinados cerca de R$ 4 bilhões a serem gastos em ações sociais.
"É o que nós podemos fazer em um país tão populoso e com tantos problemas como o Brasil", disse.
FHC estuda a possibilidade de atribuir à sua mulher o comando desse programa. Ruth deve ser a presidente do Conselho da Comunidade Solidária, que coordena o programa homônimo.
Às colegas canadenses, a primeira-dama brasileira lamentou que o primeiro-ministro Jean Chrétien não tivesse incluído São Paulo no roteiro de sua viagem oficial ao Brasil.
Ruth disse que achava a capital paulista "linda à noite". Ela passa o fim-de-semana na cidade, onde tem um apartamento.

FHC
Pouco depois, o presidente FHC se juntou ao grupo em que estava sua mulher, depois de passar quase a noite toda rodeado por políticos brasileiros.
Para mudar de companhia –ele conversava com o presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), e com o ministro da Justiça, Nelson Jobim–, FHC foi saindo e se desculpou: "Vocês sabem, é o protocolo...".
Depois disso, Jobim e Inocêncio ficaram falando sobre a eleição para a Mesa da Câmara dos Deputados na semana que vem.
"O Aécio Neves (deputado federal do PSDB-MG) está querendo a primeira secretaria", afirmou Inocêncio.
O ministro Sérgio Motta (Comunicações) foi notado pelo atraso: seu carro parou na porta da casa do embaixador canadense minutos depois de FHC sair. Entrou, cumprimentou o anfitrião e foi embora rapidamente.

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