São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Socialistas são favoristos em Portugal

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

Portugal tem hoje eleições e Antônio Guterres, o líder do Partido Socialista, é o favorito para substituir Cavaco Silva na chefia do governo.
Uma pesquisa de intenção de votos publicada anteontem pelo semanário ``Independente" apontava uma vantagem de nove pontos percentuais para os socialistas em relação ao PSD (Partido Social Democrata).
Divulgada apesar da proibição legal de publicar pesquisas eleitorais na semana da votação, a sondagem colocava os socialistas em primeiro lugar, com 40% dos votos, seguidos pelo PSD, com 31%.
A CDU (coligação capitaneada pelo PCP) estaria em terceiro, com 9%; e em quarto o Partido Popular, com 7%. Indicava também 8% de indecisos e 5% que iam votar em outros partidos.
Nestas eleições, que vão pôr fim a dez anos de cavaquismo, serão 8.669.014 os portugueses que poderão exercer o direito de voto.
Estão em disputa 230 vagas para deputados -226 eleitos em território português, 2 eleitos por emigrantes na Europa, e 2 no resto do mundo.
Nas eleições, o voto é distrital. O principal distrito, Lisboa, conta com 56 deputados, enquanto Portalegre tem apenas 3.
O sistema foi concebido para ajudar a formar governos estáveis, bastando pouco mais de 42% dos votos para obter a maioria absoluta dos deputados.
Ao todo, são 13 partidos concorrendo, mas apenas quatro terão peso na Assembléia da República: o PSD, o PS, o PCP e o PP. São os partidos que, desde 1974, dominam a política portuguesa.
Mais três partidos têm chance de conquistar um deputado: o Partido da Solidariedade Nacional, que defende os aposentados e obteve um mandato há quatro anos, a União Democrática Popular (equivalente português do PC do B), que conseguiu um deputado através de uma coligação com o PCP, e o Partido Socialista Revolucionário, que em 1991 ficou a 190 votos de conseguir um lugar no Parlamento.
Com poucas chances, está o Partido da Gente, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Sem atividades de rua, sua campanha limitou-se ao horário eleitoral, em que pedia o voto dos evangélicos.
Terminada a eleição, costuma demorar um mês até a formação do governo. Os resultados oficiais só saem daqui a 15 dias, iniciando um período de duas semanas para o partido majoritário propor um primeiro-ministro no Parlamento.
Em Portugal, na última semana da campanha eleitoral é proibido publicar pesquisas de intenções de voto. As multas pela publicação podem chegar a US$ 65 mil.
O ``Independente" ignorou essa determinação ao divulgar os resultados de pesquisa na sexta-feira.
Nas últimas campanhas, era comum aparecer nos jornais dados das intenções de voto com os símbolos no lugar do nome dos partidos: laranjas para o PSD, e rosas para o PS, por exemplo.
Pela lei eleitoral, as atividades de campanha para o pleito de hoje terminaram na sexta-feira à meia-noite. No dia da votação, não pode haver boca-de-urna, regra descumprida pelos partidos.
Em Portugal, também existe a obrigatoriedade do horário eleitoral na TV: cada partido tem direito a três minutos diários durante 15 dias. No entanto, o canal SIC, em que a Rede Globo tem 12% do capital, decidiu descumprir a lei e corre o risco de ser multada em até US$ 450 mil.

LEIA MAIS
Sobre a eleição em Portugal nas págs. 24 e 25

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