São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995 |
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Jipes enfrentam 5.500 km de poeira e de pedras
RICARDO PANESSA
O grupo atravessou o Pantanal mato-grossense e a Cordilheira Real, nos Andes bolivianos, alternando pisos de todos os tipos e temperaturas de 12 graus negativos a 41 graus positivos. No comando dos cinco Land Rover (três Defender e dois Discovery), dos cinco Suzuki (quatro Vitara e um Samurai) e do Ssangyoung (o Musso, sul-coreano recém-chegado ao Brasil) estava um grupo composto por 28 homens. Partiram de São Paulo no dia 7 de setembro, com os veículos equipados ``até os dentes". Os Land Rover, tradicionais veteranos de viagens radicais, receberam como equipamentos especiais apenas o snorkel (respiro do motor com saída na altura da capota para enfrentar terrenos alagados) e uma chapa de aço na ``barriga", para proteger a barra de direção e a caixa de transferência. Os Suzuki também tinham suas ``barrigas" protegidas por chapas de aço. Dois deles receberam kits de suspensão reforçados. Além disso, todos os veículos contavam com guinchos e faróis auxiliares e rádios bidirecionais, fundamentais para a coordenação do comboio e segurança do grupo. Seca como poucas vezes foi vista, a região do Pantanal legou aos aventureiros a primeira de uma longa série de doses diárias da mais densa poeira. Às enormes nuvens de pó que subiam com a passagem do comboio juntou-se a fumaça das queimadas, tingindo o céu de cinza. O Brasil ficou para trás quando o comboio entrou em território boliviano por Corumbá (MS). Ao contrário do esperado -muita lama-, a trilha do pó continuou. Mesmo no trecho entre Porto Suarez, na divisa com o Brasil, e Santa Cruz de La Sierra -onde a lama costuma ser tanta que os bolivianos a chamam carinhosamente de ``barro del diablo"-, a poeira imperou. Estradões esburacados, ``costelas de vaca" intermináveis, areiões grudentos e pedras, muitas pedras, foram os inimigos das máquinas no caminho para La Paz. O esforço mecânico acabou traduzindo-se em algumas quebras. A picape Land Rover Defender, carro-cozinha da expedição, teve o rolamento de uma das rodas travado por falha de lubrificação. Resultado: mecânicos trabalhando noite adentro nos altiplanos, sob vento intenso e temperatura de 13 graus negativos. Nos arredores de La Paz, outro teste: subir a 5.400 metros de altitude. Equipados com turbo, os Land Rover sofreram menos. Os pequeninos Suzuki tiveram de utilizar a marcha reduzida para compensar a falta de potência, mas todos chegaram ao topo. Pelas trilhas da Cordilheira Real, a Bolívia foi ficando para trás. Em 75 quilômetros, o comboio desceu mais de 3.000 metros. Como ``para baixo todo santo ajuda", os jipes passaram melhor do que os homens, que sofreram os efeitos da diferença de pressão. O grupo regressou ao Brasil pela cidade fronteiriça de Guajará-Mirim (Rondônia), prosseguindo pelo asfalto até Porto Velho. Texto Anterior: Alfa 155 tem preço de Tempra e Omega Índice |
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