São Paulo, quarta-feira, 4 de outubro de 1995
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Desemprego conjuntural

O maior número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e ao Telecheque na cidade de São Paulo, em setembro frente a agosto, é uma promessa de alívio.
Ainda que se observe uma recuperação no movimento do comércio, as demissões na indústria paulista mostram que os indícios de melhoria têm limites claros. O desaquecimento e os altos juros levam a indústria a reduzir seus estoques.
A produção não acompanha as vendas, e o comércio trabalha com importados. Pode portanto vender mais, sem que a indústria local produza ou empregue mais.
Nem é realista atribuir a demissão de 5% da mão-de-obra da indústria paulista nos últimos cinco meses só a fatores estruturais. O desemprego responde à atividade econômica no curto prazo.
Os ciclos recentes ilustram esse ponto. As indústrias pesquisadas pela Fiesp, por exemplo, que registravam demissões líquidas antes do real, voltaram a contratar entre setembro e abril último. Esses oito meses de aumento do emprego coincidem com o ``boom" de crescimento havido no período.
Mas, com a reversão desde maio de 95, o desemprego voltou com força, acompanhando o desaquecimento da economia e não tendências estruturais.
O IBGE registra movimento muito similar. O desemprego no país estava em 5,5% em julho de 94 e começou a cair em setembro, quando foi de 5,1%. Depois de oscilar entre 4,3% e 4,4% de janeiro a abril deste ano, voltou a crescer. Passou a 4,5% em maio, 4,6% em junho, 4,8% julho e 4,9% em agosto.
Recessão ou não, desemprego estrutural ou não, o fato é que os sinais continuam ambíguos. A estabilização tem sido um sucesso. Mas uma grande pergunta continua sem resposta: como combinar a estabilidade com um crescimento que reduza o desemprego?

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