São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995
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Juro cria `terrível desigualdade', diz Fiesp

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao ser empossado ontem para seu segundo mandato na presidência da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira disse que as políticas governamentais de câmbio e de juros criam para as indústrias nacionais uma ``terrível desigualdade interna e externa".
Moreira Ferreira vai presidir a entidade no triênio 1995-98. Ele havia assumido pela primeira vez em outubro de 1992, após disputa com Emerson Kapaz -hoje secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de São Paulo.
O presidente da Fiesp afirmou que a vitalidade do setor industrial privado vem sendo contida e sufocada, ora por monopólios estatais, ora pelo temido ``custo Brasil" -toda a ineficiência estrutural, como carga tributária e falta de infra-estrutura, por exemplo, que encarecem o produto final-, ora por políticas monetárias.
Segundo Moreira Ferreira, essas políticas ignoram "as potencialidades de uma solução para a economia brasileira pela via do aumento da produção".
A cerimônia de posse foi realizada no Clube Pinheiros com a presença dos ministros José Serra (Planejamento), representando o presidente Fernando Henrique Cardoso, Nélson Jobim (Justiça) e Francisco Weffort (Cultura).
Também presentes o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), o prefeito Paulo Maluf (PPB) e cerca de 500 empresários.
O presidente da Fiesp pediu ao governo regras fixas e estáveis para o desenvolvimento da indústria.
Ele reafirmou a posição da Fiesp a favor da menor intervenção do Estado na atividade econômica.
``Temos de encarar a realidade do mundo moderno, onde o Estado não tem mais um papel especial a desempenhar no setor industrial".
Para Moreira Ferreira, é necessário que o Estado se retire gradualmente, pela via da privatização, para que setores inteiros da economia adquiram mais vitalidade e eficiência.
Afirmando que um dos problemas mais agudos dos próximos anos, em todos os países do mundo, será a criação de empregos, Moreira Ferreira pediu ao governo mais espaço para a indústria privada.
Reforçando sua defesa da liberdade para a iniciativa privada, Moreira Ferreira disse que, no Brasil, o problema do desemprego é ``um problema de escassez de empregadores".
Para corrigir essa distorção, a Fiesp propôs ao governo um entendimento com a indústria.
Moreira Ferreira disse que a indústria pede ao governo um ``campo aplainado", liberdade de mercado e espaço vital para a indústria crescer.
Após afirmar reconhecer que a Fiesp sugere ao governo um ``pesado esforço de desregulamentação", uma profunda mudança de mentalidade e uma reestruturação do Estado que pode levar anos, Moreira Ferreira disse que é ``preciso avançar e logo".

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