São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995
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Resende aposta na `formalidade informal'

JOÃO PEDROSA
DA REVISTA DA FOLHA

Exposição: José Resende Esculturas
Abertura: 10 de outubro, às 20h.
Onde: Gabinete de Arte Raquel Arnaud (r. Arthur de Azevedo, 401, tel. 011/ 883-6322)
Preços: R$ 7,6 mil a 28,5 mil
Quando: de segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados, das 11h às 14h; até 11 de novembro

Um dos maiores criadores da escultura moderna brasileira, José Resende, 50, mostra a partir de terça-feira, em São Paulo, o que ele considera uma evolução visível na qualidade formal de seu trabalho.
A escultura de José Resende é trabalhada em uma seleção restrita de materiais (madeiras, metais, e vidro), que traduzem perfeitamente o universo do autor.
Durante a criação da obra, a manipulação desse material questiona as suas propriedades.
Muitas vezes, as obras são uma variante moderna da escultura, que como um animal em evolução, saltam do chão para se transformarem em um objeto de parede.
Nesse novo momento, algumas delas podem se apoiar na parede ou pender delas, conforme a dinâmica de seus materiais.
A construção instável das peças, elegante e tensa, reflete uma figuração latente e uma lógica construtiva de inteligência aparente.
Suas estruturas traduzem uma ambiguidade sedutora entre o desejo do autor e o da obra. Seu trabalho vive do inesperado.
O poder de identidade das obras não é próprio de uma só expressão. São tantas as verdades. Essa fluidez demonstra um equilíbrio entre a sua intuição e sua erudição.
Aparentam uma dualidade (homem-mulher, ou imobilidade e ação) que pretende ilustrar um universo cheio de áreas cinzas, onde nada é tão simples quanto parece.
Tudo muito politicamente correto, mas permeado de um humor sutil, que talvez seja até muito hermético para ser percebido. Quase uma piada particular.
José Resende é um mestre do rigor construtivo, mas que ao trabalhar com conceitos como o experimental, faz um elogio do incerto, do imponderável, do inevitável.
Consegue ser o que todos os outros trabalhos almejam ser, uma boa metáfora da existência.
Organizando diferentes energias, ela gera uma nova harmonia. Aposta numa formalidade informal. E acerta.
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Sobre a exposição de José Resende à pág. 6

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