São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Para a montadora, cortes são inevitáveis
ARTHUR PEREIRA FILHO
Segundo cálculo de Carlos Augusto Marino, diretor de Relações Trabalhistas da Ford, a montadora vai precisar 6.000 funcionários para produzir, no final de 96, 1.050 carros por dia. Ou seja, 2.800 a menos do que os 8.800 que a empresa diz manter para produzir entre 950 e 1.030 carros/dia. ``O enxugamento é inevitável", diz Marino. ``A nossa fábrica não é competitiva. Os japoneses já produzem 40 carros por empregado/ano. A Ford aqui não faz metade". O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC concorda que a modernização da fábrica é inevitável. ``A Ford tem de ser competitiva em nível internacional", diz Luiz Marinho, vice-presidente do sindicato, um dos principais negociadores da reestruturação junto à Ford. Ele dá o exemplo da fábrica da Ford, na Bélgica, onde é produzido o Mondeo. Lá, segundo Marinho, 12.500 trabalhadores produzem 2.310 veículos por dia. ``Ou seja, não dá para comparar. Aqui 8.800 estão fazendo 950 carros por dia". O sindicato, conta Marinho, tenta negociar acordos que permitam a transferência de parte do excedente para os fornecedores da montadora e para outras unidades da empresa. Marinho diz que a primeira etapa de redução do efetivo já começou. Segundo a empresa, o excedente é de 1.282 pessoas. A desativação da fábrica de motores, que funciona na mesma área e emprega 1.200 pessoas, deve gerar outra onda de demissões. Mas os sindicalistas acreditam que esse corte só deve ocorrer em 98. O diretor da Ford diz que até o final do ano pretende fechar um ``protocolo de intenções" com os trabalhadores para definir o que fazer com o excedente de pessoal. ``Estamos negociando transferência de parte do pessoal para nossos fornecedores, além de demissões voluntárias e antecipação de aposentadoria". Marinho é mais cauteloso. Acredita que serão feitos vários protocolos de intenção. ``Primeiro vamos resolver a questão do pacote de 1.282 demissões. Depois vamos acertar a questão da garantia de emprego para o pessoal da fábrica de motores e assim por diante". (APF) Texto Anterior: Empresa cria condomínio de fornecedores Próximo Texto: Desemprego estrutural, mas evitável Índice |
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