São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Crianças fazem do trabalho uma diversão
CARLA ARANHA SCHTRUK
``Para mim, cantar e fazer shows é uma diversão. Mas a gente trabalha bastante. Tem apresentação todo sábado e domingo", diz a cantora Sandy Leah Lima, 12, da dupla Sandy e Júnior. Com uma média de dez shows por mês, ganham o suficiente para comprar ``uns boizinhos para a fazenda dos pais", afirma o empresário Franck Máximo, 45. São filhos de Durval de Lima, o Xororó. Pagam o salário de dez pessoas e têm poupança. ``Em cinco anos, já terão o suficiente para comprar, no mínimo, uma fazenda". ``Mas grana não é o que conta para quem começa a trabalhar tão cedo", afirma Rosana Costa, 35, mãe de Samuel, 10, conhecido como ``menino maluquinho", por ter feito o filme homônimo. Ele ganha por trabalho em média R$ 5.000 -mais do que muitos adultos. ``Acho um barato fazer comercial", diz, animado. Para quem trabalha no circo, animação também não falta. É o que diz Ana Paula Rigaldi Sá, 15, do Circo-Escola Picadeiro. Ela começou a se apresentar profissionalmente há cinco anos. Em março deste ano, participou do Festival Circense de Mônaco. ``É a glória para o pessoal de circo. Eu mesma quase chorei quando cheguei lá, foi demais." Satisfações à parte, deixar os amigos e ficar longe dos pais é um dos grandes problemas. Para a psicóloga Maria de Lourdes Teixeira, 44, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), criança não está pronta para trabalhar como adulto. ``Ela pode sofrer ao ter de lidar com responsabilidades e separações", explica. Segundo ela, a vaidade dos pais também pode determinar a carreira precoce. Rosemeire Secco, mãe de Natália, 3, que trabalha desde os oito meses, quando foi garota-propaganda do amaciante Comfort na TV, acha natural que pais ``peguem carona" na fama do filho. Por sessão de fotos, recebe em média R$ 30. ``Pagam pouco. Gasto tudo em gasolina e em roupas." Próximo Texto: "Maioria é explorada" Índice |
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