São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 1995
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Ford teme invasão de carros importados

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o governo desistir da fixação das cotas para carros em 96 e reduzir em abril a alíquota do Imposto de Importação para 30%, o país poderá ter uma nova invasão de importados.
A avaliação é de Ivan Fonseca e Silva, presidente da Ford do Brasil. ``As importações vão se acelerar e irão pressionar a balança comercial, como no início do ano."
Fonseca considera fundamental que se estabeleçam limites para a entrada dos importados. Mas diz ser difícil a manutenção da política de cotas, por causa da oposição internacional.
Segundo ele, as cotas estão sendo consideradas uma ``violação à livre concorrência". Mas diz que países como Japão e Coréia do Sul também protegem seus mercados. ``As importações de carros representam 3% do mercado japonês e 0,5% do coreano."
O mesmo raciocínio faz José Carlos Pinheiro Neto, diretor de assuntos corporativos da GM. ``A Coréia, que produz 2,3 milhões de carros e importa apenas 4.300, não tem o direito de criticar a adoção de cotas", afirma.
Para o presidente da Ford, a indústria nacional ainda não está em condições de competir em igualdade com o produto internacional. ``Nossa produtividade é menor, mas a mão-de-obra custa o mesmo que na Inglaterra", explica.
Fonseca diz que a defasagem também existe no setor de autopeças: os componentes produzidos no Brasil chegam a custar entre 20% e 25% mais do que no mercado internacional.
Ele afirma que a Ford está preparada para ``operar em qualquer regime". Mas reconhece que, ``se houver mudança de regras, o nível de emprego será atingido". Diz que uma das alternativas é o governo reduzir impostos para tornar o produto mais competitivo.
Para Fonseca, o atual processo de demissões nas montadoras é um ``ajuste às necessidades atuais de eficiência e produtividade".
Luiz Muraca, gerente de marketing e vendas da Volkswagen, diz que ainda não está claro se o governo pretende ``preservar a filosofia das cotas".
Para Muraca, é preciso conhecer melhor as regras do jogo para fazer previsões sobre o mercado em 96. Apesar disso, afirma que ``o mercado dos importados, em 96, deve ficar mais dirigido para o segmento dos carros de luxo".

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