São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 1995
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Uruguaio chama Zagallo de caduco

MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O técnico do Uruguai, Hector Nuñez, afirmou ontem, em Salvador (BA), que a seleção brasileira joga um futebol ``barroco, da idade da pedra, sem o perfume, a essência e a técnica do passado".
Na opinião de Nuñez, o responsável pelo estilo ``ultrapassado" é o técnico Mario Jorge Zagallo. ``A equipe não tem arte, só jogadores operários. Zagallo está caduco", disse o treinador uruguaio.
Ele se revoltou com a escalação do árbitro colombiano José Torres Cadena para apitar o amistoso de hoje. A escolha do juiz foi da Confederação Brasileira de Futebol.
Nuñez e Carlos Maresca, dirigente da Associação Uruguaia, disseram que, se o juiz não for mudado, O Uruguai não joga.
Segundo eles, no contrato do amistoso, o Uruguai propôs uma lista de três árbitros, para ser escolhido um: Javier Castrille (argentino), Salvador Imperatore (chileno) e Alberto Tejada (peruano).
Tejada é o árbitro que validou gol do brasileiro Túlio contra a Argentina na Copa América, em julho. Antes de chutar, Túlio amorteceu a bola no braço.
``Escolheram um juiz em fim de carreira para massacrar o Uruguai", disse Hector Nuñez.
``O Brasil e Zagallo estão com medo de nós."
A origem da irritação de Nuñez foi afirmação de Zagallo dizendo que o Brasil perdeu a Copa América-95 porque um gol supostamente legítimo de Edmundo foi anulado na final contra o Uruguai.
Houve empate no jogo e os uruguaios venceram nos pênaltis.
A crise poderia ser ainda maior. Conforme a Folha revelou ontem, a CBF planejava escalar um árbitro brasileiro para a partida.
A indicação do árbitro foi do presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Ivens Mendes, e do secretário-geral da CBF, Marco Antônio Teixeira.
Zagallo se irritou com as declarações de Nuñez, em especial quando soube que o uruguaio disse que iria resgatar o futebol-arte ``abandonado" pelo Brasil.
``Eu não sei nem o nome dele", afirmou Zagallo. ``Quer aparecer às minhas custas. Amanhã, vou pendurar um coco no pescoço dele para ele aparecer."
Para o brasileiro, Nuñez ``quis dar uma de médico" ao chamá-lo de caduco. ``Mas ele é um médico esclerosado", afirmou Zagallo.

NA TV
Bandeirantes e Globo, às 21h30

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