São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 1995 |
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As quadras da Babilônia
THALES DE MENEZES Está prestes a ser lançado nos Estados Unidos um dos livros mais importantes da imprensa tenística nos últimos anos. Nele, o jornalista Peter Bodo disseca o racismo dentro do tênis profissional.``The Courts of Babylon" (As Quadras da Babilônia) abrange o período dos torneios ``abertos", a partir de 1968, quando os principais campeonatos do mundo permitiram a participação de tenistas profissionais. Mas Bodo é obrigado a recuar várias décadas para achar as raízes do preconceito contra os tenistas negros. As carreiras de Althea Gibson, a primeira pessoa negra a vencer um torneio no Grand Slam (Wimbledom 1957), e Arthur Ashe, campeão do US Open 1968 e de Wimbledom 1975, são importantes para defender suas teses. Longe de contar histórias edificantes sobre a luta de cada, Bodo detecta um ponto crucial: Gibson e Ashe começaram no tênis em programas sustentados pelo governo. Apenas mais outro negro venceu um torneio de Grand Slam: Yannick Noah -Roland Garros 1983. Sem coincidência, Noah entrou para o tênis por intermédio de um patrocínio do governo francês. Bodo levanta números para constatar que os clubes particulares de tênis continuam inacessíveis aos negros do mundo inteiro. De acordo com o livro, entre os dez esportes mais populares do planeta, o tênis é o segundo que conta com a menor participação de competidores negros. Só perde para o automobilismo. Os depoimentos de tenistas fogem do pieguismo e procuram se restringir a relatos objetivos de problemas vividos pelos atletas no circuito profissional. Uma reclamação constante é que os jogadores negros sempre são parados nas entradas dos vestiários e seu acesso só é permitido após uma cuidadosa verificação de suas credenciais. ``Isso acontece sempre. Não veria problema em ter minha credencial checada, mas me irrita ver que tenistas louros passam pelos portões sem ao menos tirar a credencial do bolso", diz Bryan Shelton. MaliVai Washington conta que, em um torneio na Dinamarca, um segurança brecou sua passagem, apesar da credencial que o tenista ostentava no pescoço. Segundo o tenista, outro segurança veio em seu auxílio e avisou o companheiro que MaliVai era ``o" tenista negro sobre o qual eles tinham sido avisados. O livro de Bodo não vai mudar o tênis, mas ajuda a entender como ele funciona. Texto Anterior: Zagallo faz boa experiência no meio-campo Próximo Texto: Notas Índice |
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