São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Anexo do Senado corre risco de incêndio

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Anexo 1 do Senado Federal, uma torre de 28 andares, não apresenta as mínimas condições de segurança contra incêndio, segundo laudo do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBDF). Se pegar fogo, o prédio ``derrete" em 15 minutos, afirmaram os bombeiros à direção da Casa.
Parte integrante de um dos principais cartões postais de Brasília, o prédio abriga, atualmente, 1.142 funcionários e toda a documentação com a história do Senado, incluindo os originais das atas das sessões a partir de 1824. Nesse edifício, funciona toda a parte administrativa da Casa.
Documento do Corpo de Bombeiros, assinado pelo capitão Juarez Assunção, faz um alerta: ``Incêndios como os que aconteceram em São Paulo, nos edifícios Joelma e Andraus, sugerem-nos adotar o máximo de segurança em prédios de grande dimensão vertical".
O oficial fez uma referência a dois acidentes que ocorreram na década de 70 na capital paulistana e que acabaram provocando vítimas fatais.

Fiação exposta
O cuidado citado por Assunção não é observado na torre do Senado. A fiação elétrica está exposta na maioria dos andares. A estrutura de madeira usada na concretagem não foi retirada.
Esse material sofreu ressecamento ao longo de 35 anos. Junto com as divisórias de madeira, móveis, piso e decorações, alimentariam e ajudariam a propagar o fogo em caso de incêndio.
O fechamento lateral tem vidros embutidos em estrutura metálica. O vidro quebraria com o calor de um incêndio. O vento aumentaria as chamas. Com essa estrutura, o prédio é uma bomba pronta para incendiar.
O laudo dos bombeiros detalha: a madeira entra em combustão aos 300 graus centígrados. A estrutura de aço entra em colapso e deforma aos 550 graus centígrados. A resistência do concreto cai para 20% aos 600 graus centígrados. Não é difícil um incêndio atingir 600 ou 700 graus centígrados.
Também há falhas generalizadas nos instrumentos de combate ao fogo. Não há pressão nos hidrantes a partir do 21º andar.
Portas contra-fogo estão emperradas, falta iluminação de emergência, a sinalização é insuficiente nas caixas de incêndio e saídas de emergência.
O resgate de servidores em caso de incêndio seria difícil. Não há heliporto na cobertura. A escada do corpo de bombeiros só atinge até o 6º andar, segundo informação da diretoria-geral do Senado.
Também não há cuidados com prevenção contra incêndio. Nos dias da vistoria (7 e 8 de junho últimos), a passagem para o topo do prédio estava fechada a cadeado. O responsável pela chave não foi encontrado.
Máquinas elétricas estavam ligadas num fim-de-semana. Os funcionários do prédio nunca recebem orientação sobre como proceder em caso de incêndio.
Ata da 19ª reunião da Mesa Diretora, em 31 de agosto, registra o relatório do CBDF sobre a ``situação grave e precária do edifício do Anexo 1 do Senado no que se refere à proteção contra incêndio".

Verba para reforma
O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, disse ontem que a primeira providência tomada foi a realização de um convênio com os bombeiros para a instalação de uma brigada de combate ao fogo no 28º andar do Anexo 1.
Maia disse que a solução definitiva virá com a reforma do prédio. O Orçamento do Senado para 96 destina R$ 15 milhões para essa obra. A reforma do Anexo 1 da Câmara (a outra torre do Congresso) demorou quatro anos.

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