São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Livro usado no atentado é do Itamaraty

WILLIAM FRANÇA; ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A PF (Polícia Federal) descobriu que o livro usado para portar a bomba que feriu a diplomata Andréia David, no último dia 3, pertencia à biblioteca do próprio Ministério das Relações Exteriores.
Com isso, a polícia passa a trabalhar com a hipótese de que foi um funcionário do próprio ministério o autor do atentado.
A suspeita é reforçada pelo fato de o livro ter sido entregue diretamente no gabinete de Andréia -e não por meio do Correio ou malote interno do Itamaraty.
A perícia do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal já reconstruiu parte do livro-bomba. Foi possível identificar que ele é o volume número 1 de uma coleção de Direito Internacional, escrito em espanhol, com a capa vermelha. Esse livro estava desaparecido do acervo da biblioteca do Itamaraty.
A polícia não informa se, de alguma forma, foi possível identificar quem o retirou. O mais provável é que tenha sido furtado.
A PF vai tentar também montar o retrato falado do suposto mensageiro do livro-bomba. Um perito de São Paulo deverá ir a Brasília para elaborar o desenho com base nas informações de Rosa Rodrigues, da Divisão de Assuntos Previdenciários e Sociais do Itamaraty. Foi ela quem entregou o envelope à diplomata.
A dificuldade é que Rosa já disse não se recordar com precisão do rosto dessa pessoa. Foi ela quem recebeu a correspondência do desconhecido, às 13h do dia 3, quando estava sozinha na sala.
Suspeita-se que o mensageiro não seja funcionário do Itamaraty e tenha ligações com o responsável pelo explosivo. Isso porque nenhum dos contínuos do ministério foi reconhecido pela funcionária.
A Divisão de Pessoal do Itamaraty encaminhou à PF a lista das pessoas que visitaram o prédio nos dias 2 e 3 antes das 13 horas.
Para evitar problemas nas visitas internacionais que o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, vai receber nos próximos dias, a polícia decidiu aumentar o esquema de segurança em Brasília.
No sábado, FHC recebe a primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton. No dia 17, será a vez do líder palestino Iasser Arafat.

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