São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Decreto antifumo esvazia restaurantes

ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Donos de restaurantes que não têm liminar que garante o direito de fumar em suas dependências se queixam de que o decreto antifumo da prefeitura -em vigor desde o último dia 25 de setembro- fez cair entre 10% e 30% o movimento de seus estabelecimentos.
Mequita Andrade, sócia-proprietária do L'Arnaque (rua Oscar Freire, 518, zona oeste), diz que o movimento na casa diminuiu em torno de 15% após o decreto.
Embora não tenha liminar que permita que seus clientes fumem, o L'Arnaque mantém a área do bar, isolada do restaurante, reservada aos fumantes.
``Na hora do almoço, quando servimos comida também no bar e proibimos o fumo, tenho notado mais reclamações dos clientes."
Segundo Mequita, o tempo de permanência dos clientes diminuiu, em especial no almoço. ``Sem poder fumar, as pessoas comem e vão embora mais rápido."
Arnaldo Luiz da Cunha Mattos, 50, sócio-gerente do Pandoro, diz que o movimento diminuiu cerca de 30% na primeira semana do decreto. ``Com o tempo o pessoal está se acostumando. Mas, até agora, ainda não recuperamos todo o movimento", diz Mattos.
Restaurantes que têm sentença ou liminar da Justiça favorável ao fumo estão registrando um ligeiro aumento na demanda.
É o caso da churrascaria Rodeio (rua Haddock Lobo, 1.498, zona oeste). O proprietário Roberto Macedo, 58, diz que há dois fatores que podem explicar o aumento.
Um seria a liminar, que atrairia mais clientes fumantes. ``O outro seria uma melhora na situação econômica, que faz com que as pessoas invistam mais em lazer."
Na noite da última terça, os dois salões do Rodeio reservados a não-fumantes estavam praticamente vazios. Já os dois salões para fumantes tinham mais clientes.
Para Ana Regina Pedra, fumante, ``é mentirosa a afirmação de que 75% dos paulistanos são a favor do decreto". Ela jantava na terça no Rodeio, acompanhada de Lili Azambuja e Sandra Pedra.
No Danton (rua Mourato Coelho, zona oeste), que tem sentença favorável ao fumo em suas dependências, o proprietário Percival Maricato diz que o movimento aumentou cerca de 15%.
O caso do Baby Beef Rubaiyat (al. Santos, 86, zona sul) é peculiar. Embora tenha obtido na última sexta uma liminar que garante o fumo, o movimento está 20% menor, na avaliação de Belarmino Iglesias Filho, 35, um dos sócios.
``Como nossa liminar teve pouca divulgação, o pessoal ainda não está sabendo que há área para fumantes no Rubaiyat", diz Iglesias.
Ele afirma ser favorável ao princípio do decreto. ``Não pode haver um restaurante sem área para não fumantes. Mas o decreto precisa de ajustes. Seria melhor estabelecer que os restaurantes fizessem divisões isoladas fisicamente para fumantes e não-fumantes."
Massimo Ferrari, 57, dono do Massimo (al. Santos, 1.826, região central), diz que o movimento está inalterado. O Massimo não tem liminar. ``Os clientes fumam no bar, onde não servimos comida."

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