São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Foi mais uma festa baiana

ALBERTO HELENA JR.
FOI MAIS UMA FESTA BAIANA

O baiano vai tomando conta do estádio três horas antes do início da partida, lentamente, como se fossem milhares de Mengálvios carregando a bola para servir a um só Pelé.
E o baiano sorri, se contorce numa ola malemolente preparatória da grande festa que se aproxima.
Mais uma festa baiana. Esta, com o pretexto de que há aqui na terra de Salvador um jogo de futebol. E é da seleção.
E é da seleção contra os uruguaios, que nos tiraram a Copa América ainda outro dia. É, pois, uma vingança.
Mas é, sobretudo, um reencontro de baianos: ``É dois a zero. Um gol de Bebeto, um gol de Marcelo, que o Senhor do Bonfim haverá de pôr em campo", mandingava um negro forte, com a camisa do São Paulo, creiam, na TV de ACM, pouco antes de eu pegar o táxi que me levaria do hotel ao estádio da Fonte Nova.
Nova? Novíssima, em folha, embora o gramado, segundo os especialistas, esconda as imperfeições da pressa da reinauguração.
Pressa que angustia o motorista do táxi, que faz um périplo de 40 minutos, até encontrar a brecha nesse congestionamento monstro que nos levaria ao estádio. Era chegar e ficar.
Afinal, segundo ele, só Deus sabe quando a Bahia voltará a ver a seleção, que parece só conhecer o caminho que leva a Recife, queixa-se o moço.
Por falar em queixa, lá está estendida na arquibancada uma bandeira de protesto: ``Desemprego, não".
O ``o" do não é o logotipo do Banco Econômico. Pisco os olhos e a faixa desaparece antes de o jogo começar. Mistérios da Bahia.
Bola rolando, olha lá, não disse? Márcio Santos deixa o campo com ruptura no tendão de Aquiles, ao pisar num buraco camuflado pela grama que deveria repousar por mais uns 40 dias.
E olha lá o baiano Bebeto: dois passes no exato compasso de um metrônomo, dois gols do menino Ronaldo. Eles são vizinhos que se entendem. Que o diga o velho Rosa.
No primeiro, Ronaldo estava impedido. Mas, no segundo, Deus!, que obra-prima.
Talvez por isso mesmo não voltou para o segundo tempo, que foi apenas um tempo de celebração do primeiro.
Mas não quero dizer adeus antes de falar de Giovanni, que estreou na sua verdadeira posição.
Deu dois passes magistrais, para Bebeto e Ronaldo, meteu uma bola no meio das pernas de um uruguaio e quase fez um gol de alta classe.
Não foi uma exibição de gala. Mas, como diria Tom Zé, tá bom, num tá?

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