São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MST descumpre acordo e mantém invasão

PAULO FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL AO PONTAL DO PARANAPANEMA

As famílias sem terra que invadiram, no último sábado, áreas da fazenda São Domingos e da Cesp (Centrais Elétricas de São Paulo), em Sandovalina, descumpriram acordo firmado anteontem para desocupar as terras.
A saída dos invasores foi acertada entre líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a Polícia Militar, a Secretaria da Justiça paulista e o juiz de Sandovalina, que havia decretado a reintegração de posse.
Ontem, logo cedo, o coordenador dos sem-terra na região, José Rainha Júnior, explicou a mudança de posição. ``Isso (o acordo firmado com as autoridades) foi uma tática aplicada pelo nosso pessoal. Concordamos com o acordo para que a polícia fosse embora. Depois, nos reunimos e decidimos que não havia razões para abandonarmos a área da Cesp".
Às 15h, meia hora antes do prazo marcado para a desocupação, o deputado estadual Mauro Bragato (PSDB), chegou à área da Cesp e se reuniu com a liderança do MST.
Às 16h30, a Folha telefonou para o 18º Batalhão da Polícia Militar no Interior, em Presidente Prudente, à procura do comandante, major Augusto Cunha, responsável pelo cumprimento da ordem judicial de desocupação.
A informação da PM foi de que não havia oficial do comando no quartel em razão do feriado. Nenhum soldado também havia sido designado para cumprir a determinação da Justiça local.
Às 16h40, Bragato e Rainha informaram que ficou acertado uma reunião, na próxima quarta-feira, com o secretário da Justiça, Belisário dos Santos Júnior, e o presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Francisco Graziano, para encontrar uma solução para o problema fundiário na região do Pontal.
À noite, os invasores promoveram uma nova reunião para discutir a desocupação das terras.
"O secretário da Justiça insiste em que não há possibilidade de ficarmos acampados aqui. Vamos discutir com a liderança, em reunião que deve varar a noite, se saímos e para onde vamos. O problema é que amanhã (hoje) cedo, a tropa da PM estará aqui para a reintegração de posse", disse José Rainha.

Texto Anterior: Alemão não crê em jornal independente
Próximo Texto: Exército se nega a ceder propriedades
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.