São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995
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Exageros

Em recente coluna escrita nesta Folha, Gilberto Dimenstein alertou para o exagero em que os norte-americanos estão caindo na tentativa de estabelecer uma plena igualdade entre homens e mulheres.
É óbvio que uma maior igualdade entre homens e mulheres é necessária, principalmente em países de tradição machista como o Brasil.
Os americanos, porém, parecem de fato estar exagerando. Criar expressões como ``humanos nascidos com pênis" e ``humanos nascidos sem pênis" não só nada acrescenta à linguagem como incorre, paradoxalmente, na valorização do pênis em detrimento da vagina.
Os paradoxos não param por aí. Na Universidade de Pensilvânia, convidar uma colega para tomar café pode ser considerado indício de abuso sexual. Já na Universidade de Columbia, os regulamentos dizem que se, por medo da acusação de ``ofensa sexual", o garoto se afastar de uma colega, afetando-lhe a estabilidade emocional, ele poderá incorrer em desvio ``sexista".
Venha-se e convenha-se, existem diferenças entre homens e mulheres de ordem anatômica, neurológica, hormonal e psicológica. Tentar negá-las como se tudo se resumisse em pessoas idênticas marcadas por uma única diferença possível -o pênis- pode ser contraproducente. A completa indiferenciação tende a gerar novas diferenciações.

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