São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Agora, a concessão

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O cardeal-arcebispo do Rio surgiu ontem na televisão, com o semblante mais inocente, para afirmar que não basta o pedido de perdão do pecador Edir Macedo. É preciso que as palavras sejam seguidas de atos.
Edir Macedo poderia dizer o mesmo.
Transformado em porta-voz oficioso da Igreja Católica por obra, graça e insistência da Globo, o próprio d. Eugênio Sales chegou perto de admitir que não foi a Igreja Universal que deu o primeiro tiro:
- Espero que este episódio seja encerrado pelo abandono total de violência de lado a lado, por uma mudança de comportamento, para que cada um seja tolerante com a religião do outro e para que possamos viver pacificamente.
Violência de lado a lado.
Para quem não lembra, o primeiro tiro no "episódio" foi dado com a entrada no ar da mininovela Decadência, na Globo, depois de uma cobertura insistente contra os pentecostais, no Fantástico.
Com pedido de perdão ou não, seguido de atos ou não, o confronto está apenas começando. Ontem foi divulgada a abertura de inquéritos contra o pastor que agrediu a imagem e o âncora do 25ª Hora, Ronaldo Didini, por incitação.
Mais importante, a CNT divulgou que Afanásio Jazadji -logo quem- entrou com um pedido no Ministério das Comunicações para cassar a concessão da Record. Concessão esta que foi confirmada para a Igreja Universal no governo Itamar.
Agora que não tem mais Henrique Hargreaves; agora que a rede católica está no ar e sem canal, aliás, com interferência de Edir Macedo; agora que a Igreja Universal chutou a padroeira do Brasil, a decisão pode ser diferente.
E a reação vai ser ainda maior.

PT e PDT
O esforço de aproximação entre Lula e Leonel Brizola, que prosseguia ontem, vai ficando cada vez mais contraditório num país dividido entre católicos e evangélicos.
Benedita da Silva, que é da Assembléia de Deus, mas também de um PT criado à sombra da Igreja Católica, estava na platéia, muda.
Por falar em PDT, Francisco Rossi esqueceu Deus, ontem, no horário político.

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