São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Fracassa vagão de mulheres em SP

ALESSANDRA BLANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A tentativa de separar homens e mulheres em vagões diferentes nos trens da linha Santos-Jundiaí da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) não deu certo ontem, primeiro dia de implantação do projeto.
Os dois primeiros vagões dos trens seriam preferencialmente dedicados a mulheres, crianças e idosos, no sentido Santos-Jundiaí. No sentido contrário, as mulheres ficariam com os dois últimos.
Os homens deveriam circular apenas nos demais vagões. No entanto, durante toda a manhã de ontem, os homens continuaram utilizando normalmente os vagões separados para as mulheres.
Segundo o diretor de operações da CPTM, Telmo Giolito Porto, 40, o índice de adesão foi maior em Mauá, Santo André e São Caetano do Sul, no ABCD (Grande SP). Nessas cidades, a adesão chegou a 60%, segundo a CPTM.
Em São Paulo, o número de homens e mulheres nos dois primeiros vagões era praticamente o mesmo.
Segundo Porto, isso ocorreu porque o projeto de separar homens e mulheres nasceu em Mauá e teve maior divulgação na região do ABCD.
O projeto, inédito no Brasil, surgiu após denúncias de que mulheres teriam sofrido molestamento sexual dentro dos trens (leia texto nesta página).
Mulheres do Clube de Mães de Vila Falchi, em Mauá (a 29 km de SP), conseguiram 4.661 assinaturas pedindo a criação de vagões separados.
A CPTM e as integrantes do Clube de Mães acreditam que a adesão deva aumentar nos próximos dias devido a uma campanha de divulgação.
Estão sendo distribuídos folhetos nas estações. Há adesivos explicando a preferência de mulheres na utilização dos dois primeiros vagões e o sistema de alto-falantes das estações pede que os homens utilizem apenas os últimos vagões.
O lema é ``Respeito é bom e todo mundo gosta". Ontem, das 4h às 12h, foi registrada a destruição de 20% dos adesivos colocados nos vagões pela CPTM. Os trens funcionam das 4h à meia-noite.
Não há qualquer fiscalização nas estações e nos trens. Isso porque, de acordo com o artigo 5º da Constituição (igualdade entre homens e mulheres), a CPTM não pode impedir a entrada dos homens nos primeiros vagões.

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