São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Luiz Felipe faz treino no avião

ANDRÉ FONTENELLE; JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O clube que mais sofreu com a saturação do calendário deste ano foi o Grêmio, que já fez 83 jogos em 95.
O time foi campeão gaúcho e sul-americano, vice da Copa do Brasil e está disputando a Supercopa e o Campeonato Brasileiro.
O Grêmio deve atuar pelo menos mais 15 vezes neste ano. O técnico Luiz Felipe, 46, diz que precisa treinar o time no avião.
(AFt)

Folha - O que é preciso mudar no calendário?
Luiz Felipe Scolari - Se a CBF organizar o calendário e os campeonatos estaduais forem reduzidos, você chega à mesma organização do futebol europeu. O ideal seria ter 50 a 70 jogos por ano.
Folha - Em que o atual calendário o prejudica?
Luiz Felipe - O máximo que consigo é um dia por semana para treinos técnicos e táticos. Trabalho no avião e na concentração. Um time que joga três ou quatro vezes por semana, com atletas lesionados, não pode fazer um trabalho forte.
Folha - O sr. defende a redução dos estaduais?
Luiz Felipe - Depende de quando começar o estadual. No Rio Grande do Sul, junho, julho e agosto são um inferno. Em cada cinco dias, chove em seis. Os campos são só barro e lama. Para nós, o Brasileiro de agosto a dezembro é muito melhor.
Mas um campeonato nacional bem feito precisaria passar de quatro para seis meses, com jogos aos domingos. Às quartas, haveria as partidas da Supercopa e da Copa do Brasil.
Folha - O que acha da idéia de cancelar a Supercopa e a Copa Conmebol?
Luiz Felipe - A Supercopa é valorizada. Já a Conmebol é uma copa de aspecto diferente. Mas, em anos de eliminatória de Mundial ou Olimpíada, esse tipo de copa poderia ser abolido.
Folha - Qual a situação mais absurda que o sr. já viveu por conta disso?
Luiz Felipe - Foram duas. Em 94, jogamos três jogos em um dia só, no final do ano, todos pelo Gaúcho. E, neste ano, durante a Libertadores, jogamos sete vezes em oito dias. Isso não existe. O time jogava de noite em um lugar e amanhecia já em outra cidade.

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