São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Al Green se reconverte ao soul e ao ritmo

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Valeu a pena esperar. Após cerca de 15 anos gravando gospel, o cantor e reverendo Al Green se apresenta no Free Jazz Festival reconvertido à soul music e em plena forma.
No show que faz amanhã em São Paulo, que ainda tem ingressos disponíveis, Green promete fazer uma grande retrospectiva dos sucessos que diminuíram a distância entre sua voz e a imortalidade.
É a primeira vez que o músico se apresenta em palcos brasileiros.
Nascido em Forrest City, Arkansas, Green começou a cantar profissionalmente bem cedo. Ainda criança, ele acompanhava as turnês de seu pai, Robert.
Seu primeiro grupo foi formado com seus irmãos e chamava Greene Brothers (Albert Greene é o nome real do cantor).
Quando conheceu o trompetista Willi Mitchell em 1968, deu aquela que seria a grande virada de sua carreira.
Passou a executar rhythm & blues acelerados e viscerais, que arrebentavam nos shows, ao lado de músicas cantadas de forma mais suave, que escalavam inapelavelmente as paradas de sucesso.
Falando por telefone à Folha, de um quarto de hotel em Nova York, o cantor garante que hits como ``Let's Stay Together" e ``I Can't Get Next To You" têm presença garantida nos seus shows.
``O resto do repertório eu vou tirar do CD `Don't Look Back' (disco lançado no ano passado e que marca a volta do cantor à soul music). Vou tocar durante uma hora e meia", adianta.
Além disso, Green diz que pode tocar algumas músicas de ``Your Heart's In Good Hands", trabalho que sai em novembro no mercado norte-americano.
Antes de ``Don't Look Back", o cantor já havia tentado dois retornos sem sucesso à soul music.
O primeiro aconteceu em 87 com o disco ``Soul Survivor". Dois anos depois, Green fez nova tentativa com o álbum ``I Get Joy". Em ambos os casos, o excesso de sintetizadores foi o responsável pelo fracasso.
Segundo o cantor, esse problema não acontece mais.
``Agora só me apresento com músicos que tocam instrumentos de verdade. Para os shows no Brasil, por exemplo, estou levando uma banda com 17 músicos."
A troca do gospel pela soul music vem rendendo dividendos ao cantor sem que ele perca crédito na igreja Full Gospel Tabernacle (em Memphis), da qual é líder.
Sua entrada na igreja se deu em 1974 e aconteceu de forma trágica.
Uma ex-namorada tentou queimá-lo jogando mingau de aveia sobre ele. Depois disso, ela se suicidou. Green prefere não relembrar esse episódio.
``O pessoal da igreja me incentiva a fazer o tipo de música que canto hoje. Tudo o que eles dizem é: `Vá em frente e faça um grande trabalho'."
Se depender do aspecto financeiro, o cantor vai continuar cantando soul music.
``Hoje meus shows estão bem mais lotados e meus discos estão vendendo muito mais."
Dizendo não ter a mínima noção de como é uma platéia constituída por brasileiros, Green aposta que vai conseguir uma boa dose de empatia durante os seus shows.
``Já ouvi grupos brasileiros como o do Sérgio Mendes e sei que os brasileiros gostam muito de dança e ritmo. E essas coisas não faltam quando estou no palco."
Antes de encerrar a conversa, Green pede para deixar uma mensagem para os brasileiros.
``Diga a eles que eu desejo amor, felicidade, paz e diversão para todos. E esperem por mim. Vocês não vão se arrepender."

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