São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Leia a íntegra de FHC no rádio

Esta é a íntegra do pronunciamento de FHC em seu programa de rádio ontem:

O Ministério do Trabalho está investindo, neste ano, R$ 61 milhões no treinamento de 280 mil trabalhadores. Três vezes mais do que investiu no ano passado. Metade desses recursos já foi liberada. E o governo vai liberar os R$ 31 milhões que estão faltando tão logo sejam concretizados os vários convênios com os Estados.
A educação profissional é mais uma parceria do governo federal com os governos estaduais. Os projetos são elaborados junto com a sociedade e executados de forma descentralizada.
Esses cursos preparam as pessoas para trabalhar por conta própria ou para se empregar em uma firma.
Há cursos de todos os tipos: para eletricista, encanador, costureira, padeiro, mecânico, computação e assim por diante. São cursos rápidos, que duram, no máximo, três meses, para que os alunos possam procurar logo um trabalho.
Qualquer pessoa pode participar desses cursos, mas a preferência é para os desempregados. Você, que está desempregado, deve buscar ajuda. Procure a Secretaria do Trabalho da sua cidade ou um dos 968 postos de pagamento do seguro-desemprego que estão espalhados pelo país. Você pode se candidatar a um curso e a um emprego, mesmo que não tenha direito ao seguro.
A intenção do Ministério do Trabalho é preparar, a cada ano, um número maior de trabalhadores para enfrentar o mercado, que se moderniza a passos largos.
A tendência mundial é o crescimento dos chamados trabalhos autônomos, principalmente nos setores de comércio e nos serviços.
Isso já vem acontecendo no Brasil. Os trabalhadores sem carteira assinada e os que trabalham por conta própria são os que tiveram o maior aumento de emprego e de renda desde o início do Plano Real.
Veja o resultado da pesquisa feita pelo IBGE nas regiões metropolitanas de Recife, Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre: de junho de 94 a julho de 95, a renda dos trabalhadores com carteira assinada aumentou 17%. A dos trabalhadores sem carteira assinada aumentou 31%. E a dos brasileiros que trabalham por conta própria cresceu mais ainda: 43%.
Como você vê, o Brasil está se preparando para as mudanças que estão ocorrendo no mercado de trabalho. Em alguns setores, estão sendo criados novos empregos. Nós temos que treinar o trabalhador para esses novos empregos.
Em outros setores, está havendo demissões. E essas demissões estão acontecendo, principalmente, na indústria de calçados do Rio Grande do Sul e na indústria de automóveis de São Paulo. Nos dois casos, há crise por causa da competição com outros países e porque a indústria está se modernizando. As empresas produzem mais, com um número menor de trabalhadores.
Além disso, no Rio Grande do Sul, as indústrias de calçados estão terceirizando serviços. Demitem o empregado, que cria uma microempresa e passa a trabalhar em casa, prestando serviços para a indústria. Em São Paulo, a indústria automobilística vem adotando um processo de terceirização já há alguns anos.
Mas as demissões têm, também, uma outra causa. Quando nós lançamos o Plano Real, muitos saíram comprando mais do que podiam. A indústria embarcou no sonho do consumo e aumentou a produção.
Só que as pessoas passaram a comprar, agora, apenas o necessário. Com o dinheiro valorizado e a inflação baixa, acabou aquela necessidade de comprar depressa para aproveitar preço. Apesar disso, para o conjunto do Brasil, o desemprego não aumentou desde o início do Real.
Segundo o IBGE, em agosto de 94, a taxa de desemprego era de 5,5%. E ninguém falava em crise de emprego. Em agosto deste ano, a taxa caiu para 4,9%.
Eu não quero dizer, com tudo isso, que a vida de todos os brasileiros vai muito bem. Mas, para acabar com tantos anos de inflação, o caminho é esse que estamos seguindo. Não dá para correr. É preciso medir cada passo, pesar cada decisão e, principalmente, continuar acreditando no Real, porque está dando certo.

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