São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Magia da luz se mostra em dez filmes de Gabriel Figueroa

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Gabriel Figueroa, 87, diz uma meia-verdade, quando sustenta que ninguém em Hollywood "iria se importar comigo".
John Ford, pelo menos, se importaria. Os dois trabalharam juntos em "Domínio dos Bárbaros" (The Fugitive, 1947), e Ford -nome tutelar do cinema norte-americano- nunca escondeu sua admiração pelo trabalho de Figueroa.
Sua passagem por Hollywood não ficou por aí. Em 1964 concorreu ao Oscar de melhor fotografia por seu trabalho em "A Noite do Iguana", de John Huston.
Em 1970 criou imagens marcantes para "Os Abutres Têm Fome" (Two Mules for Sister Sarah), de Don Siegel. Em 1983 voltou a trabalhar com Huston em "À Sombra do Vulcão".
É verdade que Figueroa teria pouca chance de ter, nos EUA, a glória que conheceu no México.
Mas é nos EUA que o jovem fotógrafo passa por uma experiência-chave. Em 1935, ganha uma bolsa de estudos e torna-se discípulo de ninguém menos que Gregg Toland, o célebre iluminador de "Cidadão Kane".
Seu estilo -o famoso preto-e-branco de Figueroa- também se criou no estudo de "O Encouraçado Potemkin", o clássico filme mudo do russo Serguei Eisenstein, e da fotografia dos filmes alemães da era expressionista.
O encontro com Emilio Fernandez faz sua carreira deslanchar. Em 1943, assina a fotografia de "Flor Silvestre" e "Maria Candelária". Ajuda Fernandez a se projetar como nome maior do cinema mexicano em todos os tempos e ganha em 1946 o prêmio de melhor fotografia em Cannes com "Maria Candelaria", talvez o principal dos 19 prêmios que ganhou.
Em 1950, trabalhou com Luis Buñuel em "Os Esquecidos". Foi o início de uma colaboração que durou sete filmes, na fase mexicana do diretor espanhol.
Na Mostra deste ano, Gabriel Figueroa visita o Brasil e ganha uma retrospectiva com dez filmes que fotografou, com Fernandez ("Flor Silvestre", "Maria Candelária", "A Pérola", "Enamorada" e "La Rosa Blanca"), Buñuel ("Os Esquecidos", "Nazarin"), Ford ("Domínio dos Bárbaros"), John Huston ("A Noite do Iguana") e Roberto Gavaldón ("Días de Otoño").
(IA)

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