São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Surdos-mudos são condenados a 13 anos

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os advogados de defesa dos três surdos-mudos condenados na madrugada de ontem pelo assassinato da enfermeira Jurema Leite dos Santos, em 29 de maio de 1990, vão consultar a família dos réus sobre a possibilidade de recorrer da sentença.
Maximilliam Rodsenko Grande, 23, Osveraldo Teixeira Nascimento e Vladimir Gabriel da Silva foram condenados pelo Tribunal do Júri de Mogi das Cruzes (50 km a leste de SP) por seis votos a um.
A pena é de 13 anos e 4 meses por homicídio triplamente qualificado (crime com três agravantes). A sentença foi proferida à 0h15.
Como os três acusados já cumpriram mais de um terço da pena -estão presos há quase cinco anos-, os advogados de defesa podem pedir a liberdade condicional dos deficientes. Com isso, eles sairiam da prisão provavelmente no próximo mês.
A defesa -feita pelos advogados José Carlos Dias, Luís Francisco Carvalho Filho, Antonio Bezerra de Oliveira e Cesar David Marques- apontou uma série de falhas no inquérito policial.
Entre as deficiências, Carvalho Filho destacou a omissão do depoimento de uma testemunha. José Carlos Dias afirmou também que Grande ficou algemado durante um interrogatório na polícia. "As mãos para um surdo-mudo são como a boca. O que aconteceu é o mesmo que amordaçar uma pessoa durante um depoimento", disse.
Grande é acusado de planejar o assassinato com a ajuda da filha da vítima, Tatiana Leite dos Santos, sua namorada na época do crime.
O júri acatou a tese do promotor Francisco José Taddei Cembronelli, que sustentou que Grande e Tatiana planejaram o crime porque Jurema interferia no namoro.
Segundo o promotor, os dois foram ajudados por cinco amigos surdos-mudos, pagos por Grande.
A vítima teria sido asfixiada na casa de Grande e levada em um Fusca até uma estrada a 9 km de Mogi, onde o corpo foi encontrado. Ali, teria levado as facadas.
A defesa pediu a absolvição dos réus. Os advogados se basearam no depoimento da mãe de Jurema, Edna Leite dos Santos. Ela afirmou que, na noite do crime, Grande e Tatiana estavam com ela.
Foram utilizadas ontem intérpretes, que traduziam para os réus as falas do juiz e dos advogados.

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