São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Cingapura acusa diretoria do Barings

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um relatório divulgado ontem pelo governo de Cingapura fez pesadas críticas aos então dirigentes do banco britânico Barings, que quebrou em fevereiro último por conta de operações realizadas no mercado de futuros daquele país.
Segundo o relatório da Price Watherhouse encomendado pelo governo, o operador Nick Leeson, principal causador do rombo, teria tido cumplicidade de Peter Norris, diretor-executivo de investimentos do banco em Londres, e de James Bax, seu chefe na BFS (Baring Futures Singapur).
Eles não teriam comunicado a seus superiores em Londres e nem às auditorias externas as operações realizadas em Cingapura que deram prejuízo de US$ 860 milhões ao banco.
O relatório, divulgado simultaneamente em Cingapura e em Londres, encontrou irregularidades nas estruturas de organização e informação do Barings.
Segundo informe divulgado pelo Ministério das Finanças de Cingapura junto com o relatório, houve "incompetência institucional", "falta de conhecimento dos mecanismos do mercado de futuros" ou "cegueira" dos executivos seniores e "total falha de controles internos" na empresa.
A nota insinua que altos executivos teriam tentado esconder de auditores as irregularidades das operações de Leeson.
O governo de Cingapura estaria informando à BFS desde cinco meses antes da crise sobre o risco das operações que vinham sendo feitas.
O ministério disse que pode pedir investigação para saber se houve realmente tentativa de sonegar dados.

Liquidação
O ING (Internationale Nederland Groep), de Amsterdã, Holanda, atual proprietário do Barings, disse ontem que vai estudar o conteúdo do relatório e que concordou com o pedido de liquidação da BFS feito pelo governo de Cingapura. O porta-voz do ING não quis comentar sobre a acusação de sonegar dados.
Maior banco mercantil da Inglaterra, com 232 anos, o Barings quebrou em 27 de fevereiro último, com um prejuízo total de US$ 1,4 bilhão.
O principal culpado, Nick Leeson, é um inglês de 28 anos e está preso em Fankfurt, na Alemanha.
Ele poderá ser extraditado para Cingapura e condenado a até 14 anos de prisão por falsificação de documentos. Leeson disse que vai recorrer da condenação.

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