São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Cúpula pede fim da sanção a Cuba

DENISE CHRISPIM MARIN
ENVIADA ESPECIAL A BARILOCHE

As delegações dos 21 países presentes à Quinta Conferência de Cúpula Ibero-americana encerraram seus trabalhos condenando qualquer forma de embargo contra países e -sem mencionar o caso de Cuba- condenaram a resistência dos legisladores dos EUA à aproximação com a ilha.
Em compensação, o presidente Fidel Castro voltou ao seu país carregando uma dura crítica ao seu modelo político e mais uma pressão em favor da abertura e da defesa dos diretos humanos.
O tema do embargo aparece somente no oitavo item, em um trecho que não constava do rascunho do documento final.
O texto afirma que os países vêem com especial preocupação as modificações normativas que se discutem no Congresso dos EUA, que são contrárias aos princípios por eles reclamados.
A mensagem foi divulgada no mesmo dia em que seria votado no Senado norte-americano o projeto de lei que prevê sanções às empresas que invistam na compra de antigas propriedades estatizadas pela revolução cubana.
Já aprovado pelos deputados dos Estados Unidos, o projeto poderá ser vetado pelo presidente Bill Clinton, caso seja ratificado pelos senadores.
Sem se referir diretamente a Cuba, o texto oficial diz que os 21 países rechaçam as medidas unilaterais que afetem o bem-estar dos povos ibero-americanos e impeçam o livre intercâmbio e as práticas transparentes de comércio universalmente reconhecidas.
Também condena a violação dos princípios da convivência regional e da soberania do Estado.
A questão da abertura política em Cuba foi inserida ontem como o primeiro item do documento, por pressões da Argentina nas últimas conversas conjuntas entre os participantes. Não constava do rascunho elaborado na segunda-feira.
O texto oficial diz que os países "reafirmam que a democracia e o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais da pessoa humana constituem valores essenciais para os povos ibero-americanos".
Em entrevista coletiva, ontem, o presidente argentino, Carlos Menem, reforçou seu ponto de vista. "Todos os países da América reclamam a democratização de Cuba", afirmou.
"Poderíamos apoiar a entrada de Cuba na OEA (Organização dos Estados Americanos), mas todos os países integrantes são democráticos", disse.

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