São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995 |
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Governo quer mais carros a álcool
LUCAS FIGUEIREDO
A Comissão Interministerial de Álcool, instalada ontem, irá traçar até o final do ano as novas diretrizes do programa de incentivo ao álcool combustível, o Proálcool. O resultado do trabalho será a base da negociação com as montadoras. O objetivo do governo é obter ganhos de rendimento e qualidade nos motores a álcool para forçar uma concorrência com carros movidos a gasolina. O Proálcool foi criado em 1975, no governo do general Ernesto Geisel, com o objetivo de criar uma fonte energética alternativa. Em 86, 95% dos veículos fabricados eram movidos a álcool. A decadência do programa veio logo após essa fase, quando o governo diminuiu os incentivos à produção de cana-de-açúcar. A falta do produto em postos de gasolina, ocorrida diversas vezes ao longo desse período, também levou o consumidor ao descrédito em relação ao programa. Atualmente, somente 2% dos carros produzidos são movidos a álcool. Segundo a ministra Dorothea Werneck, a definição do futuro do Proálcool irá levar em conta fatores estratégicos. Dorothea afirmou que a comissão irá estudar questões relacionadas a preço, subsídios e financiamento da produção de cana-de-açúcar voltada para a fabricação de álcool. Além de funcionar como combustível, o álcool entra com 22% na composição da gasolina. A Folha teve acesso a documento utilizado ontem pela comissão interministerial com dados e análise do Proálcool. O texto cita "importância" e "problemas" relacionados ao programa. O documento aponta como benefício do uso do álcool combustível a manutenção de 1,04 milhão de empregos diretos, redução de importação de 200 mil barris de petróleo por dia e a substituição do chumbo tetraetila (produto tóxico) na composição da gasolina. Como pontos negativos, são citados a atual paridade dos preços entre álcool e gasolina e a ausência de recursos para financiar o custeio da safra de cana-de-açúcar. Próximo Texto: Mercado opta por gasolina Índice |
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