São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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'Fita do suborno' cita Corinthians

JUCA KFOURI; MARCELO DAMATO
COLUNISTA DA FOLHA

MARCELO DAMATO
O Corinthians está sob suspeita de ter usado o suposto esquema de suborno de arbitragens chefiado pelo ex-juiz de futebol Wilson Roberto Catani.
É isso que indicam trechos de fita, obtida e revelada ontem pela Folha, que também liga o Botafogo-SP a outra suposta fraude -esta na disputa da Série A-2 do Campeonato Paulista de 95.
Os dirigentes do clube negam a acusação (leia texto ao lado).
Ontem, Catani negou-se a atender a Folha, seguindo orientação do seu advogado, José Izar, que também defende o Corinthians em várias questões esportivas.
Anteontem, Catani disse que fizera, nas conversas gravadas, declarações intencionalmente falsas.
Durante seis dias, no final de setembro, o ex-juiz manteve conversas com o jornalista Alexandre Reis, na época funcionário da rádio CMN, de Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo).
Reis se identificou como membro da oposição ao presidente do Botafogo, Laerte Alves, e gravou todos os diálogos.
Em um trecho da fita, Catani disse que o "Corinthians se vira". Em outro, acrescentou que fez um acordo com o clube antes das gestões do vice-presidente de Futebol do clube, José Mansur, e de seu antecessor, Romeu Tuma Júnior.
Na gravação, Catani não precisa quanto tempo antes disso a fraude teria acontecido. Ele cita ter negociado com o "vice do Corinthians, de finanças", mas não dá o nome.
Afirma que acertou um pacote de jogos por US$ 18 mil e que, para as finais, pediu US$ 50 mil. "Não quiseram. Acharam muito. Levou na tarraqueta", afirma Catani na gravação, usando gíria para afirmar que o clube se deu mal.
O Corinthians perdeu três finais nos últimos cinco anos.
Em 91, o São Paulo levou o título estadual. Em 93, o Palmeiras foi campeão paulista, e, no ano passado, campeão brasileiro. Nas duas últimas decisões, o Corinthians reclamou das arbitragens.
Catani se refere a uma das duas primeiras finais de campeonato, porque Tuma Jr. já estava chefiando o futebol do clube na última.
Em 1991, a presidente era Marlene Matheus e o vice-presidente de finanças, Mauro Gasparian. Nenhum dos dois foi encontrado pela Folha até o fechamento desta edição.
Em 1993, estavam nesses cargos seus atuais ocupantes, Alberto Dualib e Clodomil Antonio Orsi. Ambos negaram a acusação.

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