São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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Juízes fazem crítica à lei sancionada por FHC

OLÍMPIO CRUZ NETO
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA

A discussão em torno da implantação de 5.000 juizados especiais no país, que reuniu ontem 27 presidentes dos tribunais de Justiça em Vitória, está dividindo os juízes. O encontro mostrou as primeiras críticas à lei que regulamentou os juizados, sancionada por Fernando Henrique Cardoso em setembro.
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence, disse que o modelo proposto pelo Legislativo não é ideal, mas afirmou que esse "foi o passo possível para democratizar o acesso do cidadão comum à Justiça".
Pelo menos dois desembargadores de tribunais de Justiça criticaram o Congresso, acusando-o de ter aprovado uma lei genérica que desconhece as diferenças regionais do país. Eles queriam que as Assembléias Legislativas adequassem os juizados a cada Estado.
"Para os Estados que não tinham o sistema de Justiça de pequenas causas, a lei é um avanço. Mas, para o meu Estado foi um retrocesso porque diminuiu consideravelmente a competência na área criminal e cível", disse o juiz Rêmolo Letteriello, de Mato Grosso do Sul.
"A lei tem que ser aperfeiçoada pelos tribunais para evitar erros futuros", afirmou o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Alberto Weiss de Andrade.
Apesar das dificuldades, Weiss disse que São Paulo deve ganhar até o final do ano os juizados especiais. "Estamos sendo duramente cobrados. O Judiciário é hoje uma vitrine. Por isso queremos implantá-los em dois meses."
Os juizados especiais foram criados pela Constituição de 88 para resolver causas cíveis e criminais de menor grau de complexidade, com valores inferiores a 40 salários mínimos. O Judiciário vinha cobrando do Congresso a regulamentação, só aprovada no mês passado.
O jornalista OLÍMPIO CRUZ NETO viajou a convite do Colégio Permanente dos Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil.

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