São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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Cruzada antifumo; Defesa; Preferência nacional; Agressão à santa; Rivalidade; No alvo; Diferença de discurso

Cruzada antifumo
"Se toda propaganda de cigarros deve, obrigatoriamente, conter a 'advertência' do Ministério da Saúde, por que será que os recentes anúncios da Souza Cruz pela liberdade de fumar não trazem a dita 'advertência'?"
Claudio Luiz Jager (São Paulo, SP)

"Li com pesar que a Souza Cruz lançou uma ofensiva contra o decreto do prefeito Paulo Maluf que proíbe o fumo em restaurantes alegando direito à liberdade de quem fuma. Pergunto eu: que liberdade é essa em que um só fumante prejudica vários ao seu redor? Precisamos ter muito bom senso ao falar sobre liberdade e direito."
Maria Leonice de Oliveira (São Paulo, SP)

Defesa
"Devo, antes de mais nada, dizer que me dá muito prazer ver o artigo do sr. Otavio Frias Filho todas as quintas-feiras no meu jornal. Sempre informativos e instigantes, seus artigos são 'comida para o pensamento' de muito boa qualidade. Porém, creio que cometeu uma impropriedade no artigo ao dizer que Sócrates ficou mudo -juridicamente. Não é exato. O diálogo de Platão que em geral encabeça os diálogos chama-se justamente 'A Apologia de Sócrates'. Ele foi julgado por um júri de 500 pessoas e condenado por estreita maioria. Há também referência a essa defesa na 'Memorábilia' de Xenofonte. É possível argumentar a respeito do Cristo também. Por que 'erros judiciários' se ambos foram julgados na forma da lei e dos costumes então vigentes? É claro que, vistos em retrospectiva, ambos foram, por assim dizer, injustiçados. Mas dizer que foi erro judiciário é exagero. Relevo, entretanto, o comentário maldoso a respeito da ininteligibilidade do jargão jurídico, pois sei que a intenção foi apenas a de instigar nossos causídicos."
Sérgio Pinheiro Lopes (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Otavio Frias Filho - O leitor tem razão; Sócrates efetivamente se defendeu.

Preferência nacional
"No tocante à afirmativa do diretor da Fiat à Folha, edição de 19/10, sobre a preferência do consumidor pelo carro a gasolina, as pesquisas de opinião pública não a confirmam. Trabalho realizado pelo Instituto Gallup demonstra que mais de 20% dos proprietários de automóveis comprariam, hoje, um novo carro a álcool. 43,5% dos entrevistados acham que o carro a álcool gera mais empregos do que os veículos a gasolina; 66,3% acreditam que ele é mais importante para a economia nacional e 75,9% concordam que o carro a gasolina polui muito mais. Não há, atualmente, veículos a álcool em oferta ao consumidor nas revendedoras. As montadoras não produzem automóveis movidos a álcool de até 1.000 cilindradas (mais de 50% das vendas totais). O Brasil, para o orgulho dos brasileiros, foi o único país que, de fato, desenvolveu a utilização com sucesso de um combustível renovável substitutivo do petróleo. É preciso revigorar o carro a álcool. Mais carros a gasolina (nacionais ou importados) agravarão as condições ambientais."
Luiz Gonzaga Bertelli, diretor do Departamento de Infra-Estrutura Industrial da Fiesp/Ciesp (São Paulo, SP)

Agressão à santa
"O peixe morre pela boca. Na sexta-feira d. Aloísio Lorscheider declara à Folha que os católicos fazem adoração à Nossa Senhora Aparecida. No sábado a CNBB diz que desde o início do cristianismo os católicos adoram somente a Deus e ao único salvador Jesus Cristo. A Bíblia não dá margem a dúvidas. É só conferir: Êxodo 20:1-6."
Antônio de Oliveira Faria (São Paulo, SP)

"O chute na imagem da Virgem desferido por um pastor descontrolado atingiu milhões de católicos. Mas a mãe do filho de Deus certamente não foi magoada, pois ela está muito acima desses atos pueris. O que certamente a deixa humilhada e triste é ver sua figura ser transformada em horrendas esculturas de gesso. Vender essas caricaturas de mau gosto de norte a sul, explorando a ignorância do povo, é que realmente a humilha. Longe de nós a intenção de defender o gesto inconsequente do pastor. Mas também não se pode crucificá-lo, pois aqueles que se dizem fiéis agridem-na com muito mais crueldade. Ela merece respeito também por parte dos evangélicos, mas muito mais por parte do clero, que a explora desavergonhadamente."
Fernando Alberto Amaral (Cruzeiro do Oeste, PR)

"Como evangélico, reprovo a atitude do bispo Sérgio Von Helder, mas verdade seja dita: 'Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra nem nas águas debaixo da terra.' (Êxodo: 20)."
Afrânio Francisco de Paula Júnior (Varginha, MG)

"O problema dos evangélicos e de várias outras 'religiões' consiste unicamente na visão limitada que essas pessoas têm da vida. Para eles, só 'vai para o céu' quem estiver no mesmo grupo, quem seguir o mesmo caminho. Esse é o traço abominável que marca o estilo da escuridão e da ignorância em qualquer tempo. Deus, no alto de seu bom humor e tolerância, deve estar se arrepiando em uma hora dessas."
Fernando Fabrini (Belo Horizonte, MG)

"Von Helder. Esse nome, o do bispo da Igreja Universal que chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, nos lembra um determinado país da Europa onde, na década de 30, um determinado movimento movido pelo nacionalismo e pela intolerância levou a humanidade à sua maior tragédia."
José Elias Aiex Neto (Foz do Iguaçu, PR)

Rivalidade
"Achei infeliz a carta do leitor Badger Vicari na Folha de 12/10 onde ele tenta argumentar que, por ter atuado na década de 80, o jogador Maradona teria sido melhor que Pelé. Sem dúvida, Maradona é um dos maiores de todos os tempos, porém Pelé participou de quatro copas do mundo, sendo campeão em três delas, fato que nenhum outro jogador alcançou. Também vale lembrar que Pelé é o atleta do século e nem por isso deixa de ser uma pessoa humilde, esta sim uma característica que falta ao jogador portenho."
Derson Luiz Jacomini (Curitiba, PR)

No alvo
"A charge de Angeli, que ele denominou de "O Comunismo segundo São Fidel" (18/10), é antológica. Angeli 'pegou na veia', mostrando com graça uma situação que realmente existe. Uma das funções do humor é a de justamente mostrar o ridículo da vida, coisa que Angeli tira de letra."
Sandro Villar (São Paulo, SP)

Diferença de discurso
"Que diferença! De um lado o ex-reitor da Universidade de Brasília, José Carlos Azevedo, sob o pretexto de discutir a LDB, limita-se a atacar, de maneira grosseira e injustificada, o senador Darcy Ribeiro. De outro lado, de maneira serena, imparcial e competente, o reitor da Unesp, Arthur Roquete de Macedo, discute o problema em alto nível, inclusive reconhecendo os méritos inegáveis do senador. Pode-se divergir de Darcy, é claro, mas não se pode deixar de reconhecer o extraordinário serviço que ele tem prestado ao Brasil."
Ademar Freire-Maia (Brasília, DF)

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