São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Mãe-de-santo diz que clima está "pesado" na região

Para ela, Igreja Universal estimula o conflito religioso

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A mãe-de-santo Vanda Rosa Pereira, 42, diz que a Igreja Universal do Reino de Deus estimula o conflito religioso nas favelas. Ela comanda o maior centro de umbanda do Jardim Primavera (zona sul), onde atuam 40 filhos-de-santo.
Segundo ela, as demais igrejas evangélicas admitem o convívio pacífico de religiões. Diz que seguidores da Igreja Universal gritam "moradia de satanás" e "casa do diabo" quando passam pelo centro umbandista.
"Mãe Vanda", como é chamada, vai à Igreja Católica e se confessa com padres, todos os domingos. Os umbandistas, segundo ela, são duplamente discriminados pelos seguidores de Edir Macedo porque veneram os santos católicos, orixás e guias.
No centro de "mãe Vanda", o guia Zé Pilintra é venerado como santo. Imagens de Jesus Cristo e de Nossa Senhora também estão presentes no altar junto com outros guias africanos e oferendas para os orixás.
Ela conta que foi criada na religião católica e que sua mãe, que também dirige um centro de umbanda, é "filha de Maria".
Antes de se tornar mãe-de-santo, Vanda foi membro da igreja Deus é Amor, onde ficou por cinco anos, na esperança de que seu marido abandonasse o vício do alcoolismo.
Ela afirma que sua família encontrou o equilíbrio na umbanda. Seu marido deixou o vício e atualmente possui uma serralheria com seis empregados.
"Sou feliz. Tenho três casas, um Uno Mille e telefone, comprados com o dinheiro do trabalho de meu marido."
(EL)

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