São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Aplicadores buscam o curto prazo

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao criar os Fundos de Investimento Financeiro (FIFs) neste mês, o governo quis induzir ao alongamento dos prazos das aplicações financeiras, adaptando-as ao novos tempos de estabilidade econômica. Na prática, porém, está ocorrendo o inverso.
Em vez de esticar os prazos das aplicações e, assim, obter melhor rentabilidade, os investidores estão preferindo manter seu dinheiro nos FIFs de curto prazo -menos rentáveis, mas com possibilidade de saques diários desde o primeiro dia.
O fenômeno do encurtamento das aplicações está sendo sentido na maioria dos bancos. No Bradesco, maior banco privado do país, os FIFs de curto prazo receberam cerca de 70% dos R$ 750 milhões depositados nos novos fundos até o dia 17 passado.
Em contrapartida, os fundos de 60 dias acolheram apenas 20% dos novos depósitos, diz Roberto Parente, diretor técnico do Bradesco.
O mesmo aconteceu no Unibanco, que captou R$ 250 milhões até o dia 17. Cerca de 75% desses recursos foram para o curto prazo, contra 20% depositados por 60 dias.
Outros bancos, como o Sudameris e o Boston, também registraram aumento na captação de dinheiro de curto prazo. Não há estatísticas oficiais sobre o total dos depósitos, mas a tendência de encurtamento é geral, atesta César Sizenando, vice-presidente do Unibanco e da Anbid, associação dos bancos de investimento.
"Prevíamos uma certa concentração no curto prazo nas primeiras semanas de existência dos novos fundos. Mas a intensidade está maior do que a esperada", afirma o executivo.
Concorda com ele o vice-presidente do ABC-Roma e diretor de captação da Febraban, Alfredo Neves Penteado Moraes.

Encurtamento
"A forma como a mudança foi feita estimulou o encurtamento das aplicações. O dinheiro de curto prazo que estava nos velhos fundões e nos de commodities migrou para os de 60 dias, pois continuaram com liquidez diária. Já o dinheiro novo está indo quase todo para o curto prazo", diz Moraes.
Seria um sinal de desconfiança no Plano Real? Os executivos dos bancos acham que não. Os diretores do BC também. É um fenômeno transitório, diz Sizenando.
Como as empresas e as pessoas físicas têm mais contas, impostos e encargos para pagar na primeira quinzena do mês, é natural que deixem o dinheiro recebido nesse período nos fundos com liquidez diária, explica.

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sobre fundos nas págs. 2-3 e 2-8

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