São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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Partido de Menem mantém Cavallo no poder até 1996

SÔNIA MOSSRI
ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

O Partido Justicialista, que dá sustentação política ao governo do presidente argentino Carlos Menem, pretende manter Domingo Cavallo à frente do Ministério da Economia até o final de 96. O governo brasileiro tem informações de que Cavallo enfrenta dificuldades para se conservar por mais tempo no cargo.
Menem ainda mantém Cavallo no comando da economia por temer as repercussões que uma eventual queda do ministro provocaria no mercado.
Alguns resultados da política de estabilização estão criando um clima instável no ministério argentino -especialmente a estimativa de uma taxa de desemprego de 20% (mais de 4 milhões de desempregados e subocupados) e o colapso financeiro das províncias.
O descontentamento de Menem permitiu o aumento da influência na Casa Rosada, sede do governo, dos justicialistas críticos de Cavallo, como o governador da província de Buenos Aires, Eduardo Duhalde, e o senador Eduardo Menem, irmão do presidente.
Duhalde, candidato mais forte do Partido Justicialista à sucessão de Menem em 1999, quer dar uma novo tom ao segundo mandato do presidente. Ele insiste que é preciso deflagrar um programa de geração de empregos e construção de novas obras públicas.
Na última semana, Cavallo aumentou o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) sobre autônomos na busca de uma fonte de arrecadação que ajude a fechar as contas deste ano sem déficit.
As diferenças entre Duhalde e Cavallo não se resumem aos gastos públicos. Cavallo também é candidato às eleições e já se articula junto aos empresários.
A Folha apurou que a fragilidade de Cavallo no ministério preocupa o governo brasileiro. O presidente Fernando Henrique Cardoso avalia que a eventual saída de Cavallo também provocaria alteração na relação entre os dois países.
Teme-se, por exemplo, que o eventual substituto crie problemas com o governo brasileiro no âmbito do Mercosul (Mercado Comum do Sul, que reúne, além de Argentina e Brasil, Uruguai e Paraguai).
O próprio FHC procura dar um tratamento especial ao colega Menem, no intuito de evitar criar qualquer problema ou incidente com o governo vizinho.
FHC tem procurado participar das reuniões bilaterais que, tradicionalmente, contariam apenas com a presença do ministro das Relações Exteriores.
FHC participou da 5ª Conferência de Cúpula Ibero-Americana, em Bariloche. No próximo mês, em Buenos Aires, ele estará presente ao encontro dos países mais pobres.

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