São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995 |
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Tradutor é beneficiado pela globalização
HELOÍSA BOURROUL
Há muitos empresários interessados no Mercosul (Mercado Comum do Sul, que integra Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e no Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que reúne EUA, Canadá e México). A área de negócios é a que mais atrai tradutores e intérpretes, por ser bem remunerada e oferecer maior volume de trabalho. A tradução de acordos, contratos, normas, diretrizes e rótulos de diversos produtos são atividades em alta na profissão. Algumas empresas, que se estabelecem no país por um período limitado (de seis meses a um ano), contratam para trabalhos com duração e remuneração fixas. Na opinião da intérprete Silmara de Lourdes Santos, o ramo é fechado. Não existe lugar para falta de competência. "Não basta apenas conhecer o idioma. É preciso dominá-lo e ter fluência." Hoje em dia, um tradutor autônomo não pode depender só do trabalho oferecido por editoras. Quem afirma é a vice-presidente do Sindicato Nacional de Tradutores, Regina Alfarano. Segundo ela, há 30 anos as editoras empregavam a maioria dos tradutores. "A área científica, em especial a médica, está em baixa neste ano", diz. A área médica significa, basicamente, tradução de livros especializados no assunto. A profissão é reconhecida desde 1988, mas ainda não é regulamentada. "A atividade é pouco visível. É difícil entrar no mercado." Para a tradutora Lúcia Helena França, a profissão exige perseverança. "Faço esse trabalho há dez anos, mas só há cinco comecei a ficar conhecida no mercado." Ela afirma que a remuneração pelo trabalho que faz é muito variável. "Depende da urgência e da complexidade do material." O preço de uma lauda (cada folha de um original, com 20 linhas) varia entre R$ 15 e R$ 25. "Os profissionais ganham de acordo com o que produzem. Tem gente que traduz até 400 laudas por mês. São R$ 6.000." O inglês é disparado o idioma mais requisitado. Mas também há espaço para francês, alemão e espanhol, este em alta graças ao Mercosul. Para atuar na área, não é necessário ter graduação em letras. Em algumas universidades, como Mackenzie, os alunos de graduação podem optar no vestibular entre letras e tradução e interpretação. Em outras, como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o curso é oferecido como habilitação de letras. Tradutores graduados em outras áreas também têm espaço no mercado de trabalho. "As editoras preferem profissionais especializados no assunto que vão traduzir", diz o pianista, engenheiro e tradutor Wolney Arruda. Ele afirma que, na maioria dos casos, o trabalho de tradutor é terceirizado (é prestado e vendido a empresas, sem vínculo empregatício). Mas, segundo ele, exige muita negociação de preços. "Poucos querem pagar um valor justo", afirma. Texto Anterior: ITA abre vagas para mulheres Próximo Texto: Instituição faz cadastro Índice |
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