São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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A complacência com a corrupção dos árbitros

TELÊ SANTANA

É lamentável que mais um caso de suposto suborno envolvendo árbitros de futebol seja levantado.
Mas eu não descarto a possibilidade de serem verdadeiras as denúncias contidas na fita obtida pela Folha.
Principalmente em jogos da segunda e terceira divisões, não há controle sobre as atuações dos árbitros e o resultado de uma partida pode, eventualmente, ser arranjado.
Se o juiz errar a favor de um time nessas partidas, o seu erro será encoberto, já que ninguém estará observando-o.
Tudo isso é culpa do péssimo trabalho desenvolvido pela Federação Paulista de Futebol e pelo Departamento de Árbitros da entidade.
Eles simplesmente não têm moral para repreender os juízes que erram, porque não acompanham os jogos de perto e não conhecem as regras.
Eles não observam o desempenho dos seus subordinados porque não têm o mínimo interesse.
Se o juiz soubesse que alguém está observando e analisando a sua atuação, os erros e eventuais arranjos de resultados diminuiriam.
No futebol, todos são cobrados por seus superiores: jogadores, técnicos, diretores... só os árbitros escapam disso. Não dá para entender.
O que me deixa mais revoltado é saber que os árbitros que erram ou que se envolvem nesse tipo de denúncia não são afastados.
Você percebe que um juiz está mal-intencionado e prejudicando o seu time nos pequenos detalhes de um jogo.
Não precisa ser a marcação de um pênalti. Basta ele utilizar critérios diferentes nas cobranças de laterais, na marcação de faltas etc.
Eu sei que existem juízes que não gostam de mim e, se puderem prejudicar o São Paulo, vão prejudicar.
A própria Federação Paulista de Futebol sabe disso.
Tanto que tem evitado escalar certos juízes em jogos do São Paulo.
Mesmo que os árbitros fossem profissionalizados e ganhassem bons salários, os casos de corrupção na arbitragem não terminariam.
Sempre ia ter algum ganhando a sua propina por fora.
Como em qualquer profissão, sempre existirão os corretos e aqueles que não merecem crédito. É uma questão de formação.
O que não pode é a corrupção virar regra.
Lamento não ter provas, apesar de estar há muito tempo no futebol, sobre casos de corrupção na arbitragens.
Se eu as tivesse, certamente denunciaria as pessoas.

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