São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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ACM lança FHC candidato à reeleição

GILBERTO DIMENSTEIN
DE NOVA YORK

O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) lançou ontem, em Nova York, o presidente Fernando Henrique Cardoso candidato à reeleição.
Advertiu, no entanto, que a mudança constitucional vai "naufragar" caso entre agora em votação.
"O presidente teria de pagar um preço muito alto para reverter essa tendência", acrescentou o senador. "Não acredito que ele faça isso", opinou.
Ontem, FHC disse à Folha que não pensa "nem sequer um segundo na reeleição", que não vai atuar "nem a favor, nem contra" a aprovação da emenda e que cabe ao Congresso decidir. Nos bastidores, no entanto, FHC já sinalizou que aceita a reeleição.
O tema é uma das principais curiosidades dos investidores estrangeiros. Em sua imensa maioria, estão favoráveis e torcem para que o Congresso aprove a reeleição, o que, imaginam, significaria a manutenção das regras do jogo: abertura ao capital estrangeiro, privatização e controle monetário.
As mudanças constitucionais, afirmou o senador, estão provocando áreas de atrito com o Palácio do Planalto. As pesquisas de opinião não são ruins a Fernando Henrique Cardoso, mas também "não são animadoras", comentou. "O melhor momento para aprovar a reeleição já passou. Foi em julho. Agora não passa", disse.
Numa conversa reservada com amigos nesta viagem, ACM comentou que, se tiver de decidir agora, vota pela reeleição. Mas não vai tentar tirar a "âncora do mar". Ele, na intimidade, afirma que ainda está magoado com o tratamento que recebeu durante o episódio do Banco Econômico.
Ele disse que sofreu um "linchamento jamais visto" e que, agora, já estariam lhe dando "razão". Nas últimas semanas, voltou a se aproximar de FHC, depois de um almoço de conciliação.
Segundo Antônio Carlos Magalhães, o período "ideal" para mudar a Constituição e garantir a reeleição (necessita do voto de dois terços dos parlamentares) seria 1997. Isso se a economia estiver bem, com inflação baixa e crescimento moderado, com obras a serem exibidas à opinião pública.
"Se a economia mostrar bons resultados e o presidente obtiver apoio popular, o Congresso aceita a reeleição. E, na minha opinião, Fernando Henrique seria um candidato fortíssimo", disse.
Na sua opinião, não estão surgindo novas alternativas na política brasileira capazes de confrontar o presidente. "Não quero puxar a brasa para minha sardinha, mas acho que um nome seria o do Luís Eduardo, mas ele não quer", acrescentou, referindo-se a Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), presidente da Câmara.
Para o senador, o melhor nome entre os tucanos seria o governador do Ceará, Tasso Jereissati. O ministro José Serra teria muitas áreas de atrito, avalia.

A emenda
A emenda da reeleição, a que se refere ACM, depende justamente de Luís Eduardo para deslanchar.
Depois de passar pelo primeiro teste de votos na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, o texto aguarda que Luís Eduardo instale uma comissão especial para ser discutida e votada.
O autor da emenda, deputado Mendonça Filho (PFL-PE), também acredita que falta ambiente político para a emenda prosperar.
Entusiasta da tese da reeleição de FHC desde o início do ano, Mendonça Filho avalia que a sua emenda ainda não tem o apoio de três quintos dos deputados e senadores para ser aprovada.
A emenda acaba com a proibição constitucional para a reeleição de presidente, governadores e prefeitos. Já valeria para FHC e os atuais governadores nas eleições de 1998.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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