São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Aparecida recebe 150 mil romeiros

DAS REGIONAIS

Cerca de 150 mil romeiros estiveram no fim-de-semana em Aparecida (170 km de São Paulo) -mais do que em qualquer outro dia deste ano, segundo informações da basílica da cidade.
A missa especial celebrada na Basílica Nacional de Aparecida ontem às 18h pelo arcebispo dom Aloísio Lorscheider em defesa de Nossa Senhora foi assistida por apenas 2.000 romeiros, segundo a Polícia Militar.
A basílica tem capacidade para até 30 mil pessoas. No final da missa, às 19h, havia no pátio da basílica 20 ônibus de romeiros.
Dom Aloísio não fez referência direta à "guerra santa" entre católicos e evangélicos.
A "guerra" foi iniciada depois que o pastor Sérgio Von Helder, da Igreja Universal do Reino de Deus, atacou uma imagem de Nossa Senhora em programa transmitido pela TV Record no dia 12 de outubro.
No sermão, dom Aloísio falou sobre a importância da fé e da oração para os católicos. Ele enfatizou o culto a Nossa Senhora como "interventora dos católicos para se chegar a Deus".
Dom Aloísio segurou a imagem da santa para fazer a bênção final da missa. A imagem foi retirada de seu nicho e carregada pelo altar ao final da cerimônia. Esse procedimento não é comum nos cultos celebrados na basílica.
O arcebispo de Aparecida não deu entrevistas após o término da missa. Pela manhã, o assessor de imprensa da Basílica Nacional, padre José Bertanha, disse que a missa não seria um ato de desagravo, mas "uma homenagem a Nossa Senhora".
Na missa ministrada na basílica às 8h, o padre redentorista José Pereira pediu aos romeiros que rezassem uma Ave-Maria para "iluminar" o coração do pastor Von Helder.
A missa de desagravo a Nossa Senhora Aparecida realizada ontem pela manhã em frente à Basílica do Carmo, em Campinas (99 km de São Paulo), reuniu cerca de 500 fiéis. Eram esperadas 3.000 pessoas.
A missa em Campinas foi realizada pelo monsenhor Geraldo Azevedo e transmitida ao vivo pela rádio Central.
Durante a missa de ontem, monsenhor Geraldo Azevedo voltou a defender o boicote aos programas da TV Record.
A polêmica aumentou em até 30% a frequência de fiéis nas missas. Monsenhor Geraldo Azevedo afirmou que o incidente serviu para unir ainda mais os católicos. "O tiro saiu pela culatra", disse.
Em Piracicaba (170 km da capital), a missa reuniu cerca de mil fiéis na Matriz de Santana. A solenidade foi presidida pelo bispo d. Eduardo Koaik.

Panfletos
A Paróquia São Vicente de Paulo, em São José dos Campos (97 km de São Paulo), faz hoje uma manifestação de apoio a Nossa Senhora e contra a distribuição de panfletos com mensagens consideradas ofensivas à Igreja Católica.
Os panfletos foram distribuídos na madrugada de sexta-feira nos bairros de Santa Inês 1 e 2 e atacam a adoração de imagens pelos católicos.
Os folhetos trazem versículos bíblicos que condenam a adoração de imagens pelos cristãos.
O texto é assinado por um órgão chamado Sea of Galilee Gospel Publishers, de Ubatuba (140 km de São José). A Folha não conseguiu localizar ontem os representantes da entidade.
A manifestação de hoje será em forma de uma "procissão luminosa", programada para sair às 19h da Igreja Santa Inês.
Os organizadores esperam reunir 3.000 fiéis. Eles vão carregar velas acesas como sinal de protesto contra os folhetos e as agressões feitas por Von Helder.
O padre Rogério Félix Machado, organizador da manifestação, afirmou que o ato é uma "reação" à recente atitude do bispo da Universal e aos folhetos distribuídos no bairro.
Ele afirmou que vai distribuir nesta semana 3.000 folhetos em resposta aos panfletos de sexta.

Desagravo
As dioceses de São José do Rio Preto, Araçatuba e Jales vão realizar atos de desagravo a Nossa Senhora Aparecida.
Os bispos d. José de Aquino Pereira (Rio Preto), D. José Castanho de Almeida (Araçatuba) e d. Demétrio Valentini (Jales) aguardam orientações da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) sobre a organização das manifestações, que não terão datas unificadas.
Segundo d. José Castanho de Almeida, os 42 padres dos 18 municípios que compõem a diocese de Araçatuba vão discutir a realização de uma missa seguida de procissão.
Em uma gruta em Xanxerê (600 km de Florianópolis), Santa Catarina, duas imagens foram destruídas durante a madrugada: a de Nossa senhora de Lourdes e a de Nossa Senhora Aparecida. A polícia investiga a agressão.

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