São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995 |
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Almodóvar transita da comédia ao melô
INÁCIO ARAUJO
Michèle Mercier é a nobre arruinada, forçada a casar com um homem a quem não ama (Robert Hossein). Mas ela se apaixona por ele, que passa a sofrer perseguições (a história se passa no século 17 francês e tem mais ou menos todos os desdobramentos imagináveis). Não se deve esperar grande cinema, mas a série tem uma vitalidade que não se vê no cinema francês atual, e uma espécie de aura que supera seu aspecto brega (ou, em outros tempos, superava; é questão de rever). Às 2h15, na Globo, entra "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos", o filme que tornou Pedro Almodóvar (que se encontra no Brasil) famoso. O brega é novamente convocado. Almodóvar recorre sobretudo à tradição hispânica do melodrama para contar a história de uma dubladora infeliz. A tradição é do melô. O resultado é uma comédia. Não significa dizer, com isso, que Almodóvar faz paródia barata. "Mulheres" trava uma espécie de corpo-a-corpo com a tradição: faz sua crítica e ao mesmo tempo a incorpora. Faz rir, mas não desfaz tolamente dos sentimentos envolvidos, dos quais parece participar na mesma medida em que se distancia. Para completar o dia, a Globo programou, às 22h, o inédito "Mey Primo Vinny". O filme ficou famoso pelo inesperado Oscar de melhor atriz coadjuvante ganho por Marisa Tomei. É uma comédia que demora a alçar vôo e, a rigor, só cresce no final. Joe Pesci, o primo em questão, se destaca. Como de hábito. Texto Anterior: Olho no futuro; Teste; Talento Próximo Texto: 'Baker Boys' tem a mulher certa Índice |
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