São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Verbo sem fim

"In medio virtus", a virtude está no meio, repetiram durante séculos os filósofos da temperança que buscavam representar o mundo tendo o homem como a medida de todas as coisas.
Evidenciou-se entretanto com o tempo que a própria humanidade se cultiva. A "medida" se transforma com os meios pelos quais os humanos se formam e informam.
Nas sociedades de massa os meios ganham dimensão tão grande que nos anos 60 proclamou-se: "O meio é a mensagem".
"A virtude está na mídia", esta seria talvez a versão atual, uma paródia do antigo preceito. Mas nessa hiperestesia dos meios, ao contrário do que se previa nos anos 60, a mensagem muitas vezes perde-se. Esse foi um dos temas mais inquietantes do 2º Fórum Folha de Jornalismo e Mídia.
Há perigos evidentes: do jornalismo "denuncista" ao risco de submersão da informação nos serviços ou brindes que a embalam, passando pela absorção da política no marketing e pela diluição da crítica.
Há novos mercados, novas tecnologias -mas também uma sensação incômoda de vazio e desorientação no meio da superoferta de imagens e discursos. E, mais assustador, muito pouca virtude.
A "mídia" é uma dimensão essencial das sociedades. A própria Bíblia destaca que no princípio era o Verbo. A nossa época ampliou ao infinito esse potencial, multiplicando ao mesmo tempo o desafio de encontrar as responsabilidades, individuais e coletivas, na convivência com esse verbo sem fim.

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