São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Vida em Marte

Direta ou indiretamente, todos os seres vivos do planeta se nutrem da luz do Sol, acreditavam os cientistas. É que a cadeia alimentar está baseada no processo de fotossíntese, pelo qual vegetais e bactérias produzem moléculas de glicose a partir da luz solar, da água e do gás carbônico da atmosfera. Daí, boi come capim, homem come boi, e todos estão alimentados com os raios do espectro eletromagnético.
Na semana passada, contudo, cientistas norte-americanos publicaram estudo na revista "Science" em que anunciaram a descoberta de um novo tipo de bactérias, batizadas de "slimes" (viscos), que não dependem da luz para fixar energia. Essas bactérias, encontradas em depósitos subterrâneos de água, conseguem energia a partir do hidrogênio produzido por reações químicas entre água e rochas de basalto existentes nesse ambiente.
Para além do efeito de colecionar as extravagâncias da natureza, essa descoberta é importante porque pode explicar como sobreviviam os primeiros seres vivos do planeta, que ainda não tinham condições de operar as complexas reações do processo de fotossíntese, que só apareceram no planeta há cerca de 2,8 bilhões de anos.
A descoberta também prova que a ciência não comporta dogmas e que o conhecimento não tem limites. Até agora era consenso na comunidade científica que não poderia haver vida sem luz. Pode.
Já no campo da coleção de extravagâncias dos cientistas, esses pesquisadores aventaram a seguinte hipótese: "As 'slimes' fornecem um modelo concebível para a existência de vida contemporânea em Marte". Só faltou esclarecer se essas bactérias são verdes e têm antenas.

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