São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Universal culpa Globo por conflito religioso

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O último número da "Folha Universal", da Igreja Universal do Reino de Deus, acusa a Rede Globo de ser a responsável pela suposta "guerra santa" iniciada depois de agressões à imagem de Nossa Senhora Aparecida.
As agressões foram feitas pelo bispo Sérgio Von Helder, da Universal, no dia 12 de outubro. Grupos de católicos reagiram com ataques a templos da igreja e atos de desagravo à Nossa Senhora.
Sob o título "Rede Globo provoca guerra santa", a "Folha Universal" afirma que a emissora se aproveitou do episódio para atacar a Universal.
Segundo o jornal, a agressão não teria consequências graves se não fosse o destaque dado a ela pela Rede Globo. "Teria, no máximo, ficado no âmbito das igrejas Católica e Universal."
A "Folha Universal" acrescenta que o gesto de Von Helder "foi legítimo, quando analisado à luz dos ensinamentos bíblicos". O jornal acusa os católicos de adoração de imagens, o que seria condenado pela Bíblia.
Por trás do destaque dado pela Globo às agressões estaria, de acordo com o jornal, "o propósito explícito de jogar o povo católico contra a Igreja Universal".
A Globo agiria dessa maneira por medo da TV Record, controlada pela Universal, e do grande crescimento da igreja no país.
O departamento de divulgação da Globo informou que apenas o vice-presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, poderia falar sobre as críticas feitas pela "Folha Universal".
O texto sobre a Globo foi publicado em um encarte especial que circulou no último número da "Folha Universal".
Em duas páginas, o encarte trata exclusivamente das agressões à imagem de Nossa Senhora e da suposta idolatria dos católicos.
O jornal afirma que o culto a imagens provoca grande parte dos problemas da humanidade. "Deus fica profundamente triste ao ver suas criaturas cultuarem outros deuses que não Ele", diz o texto.
O encarte traz também "A verdadeira história da Senhora Aparecia" e reproduz o pedido de perdão aos católicos apresentado pelo bispo Edir Macedo.
A igreja atribui a descoberta de Aparecida à astúcia do padre José Alves Vilela, que estava em Guaratinguetá, em 1717, quando foi encontrada a imagem.
Segundo o jornal, Vilela era "um grande bajulador" e tentou agradar o governador da Capitania de São Paulo com um banquete no dia 13 de outubro.
Na tentativa de se promover, teria colocado no rio a imagem posteriormente encontrada por pescadores. Depois, "enternecido pelo sucesso de seu empreendimento", o padre teria vinculado a aparição da imagem à sua atuação no local.

Colaborou Sucursal do Rio

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