São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Casal de idosos acusa PM d tortura

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Casal de idosos acusa PM de tortura
Três policiais identificados pelas vítimas foram afastados; eles dizem que são inocentes
Um comerciante de 63 anos e sua mulher, uma professora de 52 anos, foram torturados com choques elétricos, chutes, socos e golpes de pedaços de pau durante três horas. Eles acusam cerca de 20 policiais militares.
O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, 70, disse que os três PMs já identificados pelo casal foram afastados. Os policiais negaram a acusação.
A tortura teria ocorrido no último dia 18 na casa do comerciante, no Jardim Nova Tietê (zona leste). Ontem, Messias Francisco de Souza e Dirce Maria Anacleto exibiam marcas nos corpos.
Souza está falando e ouvindo com dificuldade. "Foram os tapas que deram nos ouvidos." Está com feridas nos dedos. "Foram os fios que passaram em torno deles para dar os choques."
Dirce está com hematomas nas costas, nos braços, nos pés e com ferimentos perto dos olhos e da boca. "O tenente me deu um murro quando eu pedi que ele não quebrasse minha televisão."
Tudo, segundo Souza, porque os policiais desconfiavam que ele havia assassinado um PM. No último dia 15, um corpo foi achado no Itaim Paulista (zona leste).
Alguém ligou para a PM dizendo ter achado o corpo -depois identificado como sendo do soldado da PM Ricardo Silva Nabuco de Souza.
Quem ligou para a PM identificou-se com o nome e telefone do comerciante. Os policiais teriam desconfiado que a pessoa que ligou para comunicar o crime era, na verdade, o autor do assassinato.
Dirce estava na oficina mecânica, que funciona na parte debaixo do sobrado do casal, quando três homens sem fardas desceram de um Gol branco. "Com armas nas mãos, chutaram a porta e começaram a me bater", disse.
O comerciante ouviu os gritos da mulher e apanhou uma pistola. "Dei três tiros. Pensei que eram bandidos." Em seguida, disse que ligou para o 190 (emergência policial). "Pedi socorro à PM, pois estavam invadindo minha casa."
Vários carros da PM chegaram ao local. "Abri a janela e me apontaram uma metralhadora. Só então percebi que havia algo errado." Os policiais -vários fardados- teriam entrado na casa e torturado o casal para Souza confessar a morte do PM.
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