São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Inquérito apura 'fita do suborno'

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia de Ribeirão Preto abriu inquérito para apurar o caso da "fita do suborno". O jornalista Alexandre Reis é o primeiro intimado a depor.
Reis, que trabalhava para a rádio CMN, de Ribeirão Preto, foi quem gravou as conversas com o ex-juiz Wilson Roberto Catani.
Na gravação, Catani revela um esquema para fabricação de resultados e diz ter agido em favor alguns clubes, entre eles o Botafogo de Ribeirão Preto.
O inquérito policial está sendo conduzido pelo delegado Antonio Carlos dos Santos Neto, do 4º Distrito Policial da cidade (responsável pela região onde fica a sede do Botafogo).
O delegado Moisés José Cocito, da Delegacia Seccional de Ribeirão Preto, também está acompanhando o caso.
Na semana passada, ele havia declarado à Folha que achava o caso pequeno e que não iria apurar nem abrir inquérito.
O delegado Santos, do 4º DP, também havia dito à Folha que não se interessava pelo caso e que nada seria apurado.
Na última sexta-feira, o Ministério Público estadual pediu à Delegacia Geral de Polícia informações sobre o caso.
Ontem, Cocito afirmou que pretendia abrir o inquérito desde o início e que havia brincado com a reportagem da Folha quando disse que não iria apurar o caso.
O filho do delegado, conhecido por Cocito, joga no Botafogo.
"Já intimamos o Alexandre a depor. Ele vai nos dizer quem disse a ele que poderia haver algum suborno, algum esquema", disse Cocito. O depoimento de Reis deve ocorrer ainda esta semana.
Nesse caso, o jornalista não é obrigado a revelar à polícia o nome de sua fonte de informações.
Além da intimação, a polícia já solicitou uma cópia da fita com a conversa entre Reis e Catani.
A gravação não pode ser utilizada como prova, pois foi obtida de forma ilícita. Para conseguir falar com Catani, Reis se fez passar por um dirigente do Botafogo.
Catani posteriormente negou tudo o que havia dito na conversa. Disse que percebera que se tratava de um jornalista e que inventou toda a história, por brincadeira.
O delegado Cocito pretende ainda ouvir o presidente do Botafogo, Laerte Alves, que deverá ser intimado a depor na semana que vem.
O depoimento mais complicado é o de Catani, que mora em São Paulo.
"Ele não é obrigado a vir até aqui. Nesse caso, terei que interrogá-lo por carta precatória em São Paulo. Isso pode levar tempo", disse Cocito.

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